A agência de notação financeira Standard and Poor's (S&P) tem prevista uma avaliação à dívida soberana portuguesa para esta sexta-feira, depois de ter subido, em setembro, o 'rating' de Portugal de 'BBB' para 'BBB+', mudando a perspetiva para estável.
Nas avaliações no ano passado pela S&P, DBRS e Fitch -- que melhoraram a avaliação à dívida portuguesa --, a trajetória de redução da dívida pública foi sempre destacada como uma das principais forças do país.
Em declarações à agência Lusa, o diretor de investimentos do Banco Carregosa, Filipe Silva, assinala que "Portugal continua a demonstrar bons resultados nas finanças públicas com perspetivas de crescimento estáveis", o que deverá continuar a pesar na avaliação da próxima agência a pronunciar-se.
"O rácio de dívida pública tem vindo a descer e Portugal ainda tem os financiamentos europeus que poderão ainda catapultar o crescimento da economia, ou ajudar a amenizar um possível abrandamento", justifica.
Filipe Silva diz esperar que a S&P mantenha o 'rating' de Portugal e melhore a perspetiva, sublinhando que "as taxas de juro têm vindo a subir", uma tendência que prevê que se irá manter nos próximos meses e que tem "um efeito imediato nos custos de financiamento não só para as famílias, como empresas e para Portugal".
Também Filipe Garcia, presidente da IMF -- Informação de Mercados Financeiros, salienta que "as agências de 'rating' têm visto com bons olhos a trajetória muito positiva da descida do rácio de dívida".
"Esse é um ponto positivo que a S&P poderá apontar, no caso de vir a emitir alguma opinião esta semana", refere.
Ainda assim, não espera nenhuma alteração do 'rating' pela S&P, até porque, por outro lado, há fatores em análise, como a estabilidade política: "Tem sido também apontada como positiva, embora os casos recentes possam abalar essa convicção", aponta.
"Já o comprometimento do Governo com políticas fiscais responsáveis do ponto de vista da dimensão do défice e da dívida parece continuar, mas as greves e outras exigências por parte de professores, médicos e outros podem gerar alguma incerteza orçamental", afirma.
O economista prevê também que "a subida das taxas de juro da dívida deve impedir uma melhoria da perspetiva do 'rating', embora o 'spread' face à Alemanha seja hoje mais baixo do que quando a S&P subiu a notação (92 vs 105 pontos base)".
Contudo, na próxima avaliação pela agência prevista para 08 de setembro, antevê que, "mantendo-se o cenário benigno, é possível que a perspetiva suba" nessa altura.
Depois da S&P, a próxima agência a pronunciar-se sobre Portugal será a Fitch, que também subiu o 'rating' de Portugal para 'BBB+', com perspetiva estável.
O 'rating' é uma avaliação atribuída pelas agências de notação financeira, com grande impacto para o financiamento dos países e das empresas, uma vez que avalia o risco de crédito.
Os calendários das agências de 'rating' são, no entanto, meramente indicativos, podendo estas optar por não se pronunciarem nas datas previstas ou avançarem com uma avaliação não calendarizada.
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