Cerca de sete em cada 10 famílias portuguesas (74%) assumem ter tido dificuldades financeiras em 2022, de acordo com um barómetro divulgado pela DECO Proteste, esta quarta-feira. Há um dado preocupante: as despesas relacionadas com a alimentação.
"Comparativamente a 2021, o Barómetro da DECO Proteste revela que a dificuldade em enfrentar as despesas com a alimentação sofreu o maior aumento (15%), seguindo-se as despesas com a habitação (5%) e a mobilidade (4%)", refere a organização de defesa do consumidor, em comunicado enviado às redações.
O estudo revela que "cerca de três quartos (74%) das famílias enfrentam, mensalmente, dificuldades financeiras, sendo que 8% se encontram em situação crítica: têm dificuldade em pagar todas as despesas ditas essenciais (mobilidade, alimentação, saúde, habitação, lazer e educação)".
As principais parcelas que geram constrangimentos na gestão orçamental dos consumidores dizem respeito às despesas com o carro - combustíveis, manutenção e seguros (67%) -, alimentação - carne, peixe e alternativas vegetarianas (59%) -, férias grandes - viagens e estadias (57%) -, cuidados dentários (55%) e manutenção da casa - obras, remodelações (54%).
"Os resultados de 2022 não são animadores", considera, Rita Rodrigues, Diretora de Comunicação e Relações Institucionais da DECO Proteste, citada na mesma nota, acrescentando: "É constatável que não houve uma melhoria efetiva das condições de vida dos portugueses nos últimos anos, e as consequências da guerra na Ucrânia puseram a nu todas as fragilidades da nossa economia e a debilidade económica da maioria dos agregados familiares".
O índice que mede a capacidade financeira das famílias atingiu o valor mais baixo desde há cinco anos - 42,1 (de 0 a 100; em que quanto mais elevado o número, maior a capacidade financeira para enfrentar as despesas mensais).
Cabaz alimentar está 20% mais caro
A DECO Proteste tem analisado o preço de um cabaz alimentar e conclui que, em fevereiro de 2022 custava 185 euros, mas, um ano depois, o mesmo cabaz chega aos 222 euros, o que significa que está 20% mais caro.
"Em 2022, 44% das famílias portuguesas assumiram a dificuldade em pagar as contas com os produtos alimentares, numa tendência que se agrava desde 2020, onde as famílias em apuros eram quase metade", diz a DECO.
Mercearia, carne, peixe, vegetais e frutas são os produtos que os consumidores "têm cada vez mais dificuldades em pôr nas suas mesas", sendo que "mais de metade dos agregados assumem que o preço crescente é um claro entrave à sua compra regular".
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