"Penso que se há alguma suspeita, deve ser investigada. Também penso que não se deve criar um ambiente de alarmismo social em torno desse assunto", disse hoje Francisco Assis no Porto, à margem da conferência "O futuro das relações UE-ACP [União Europeia - África, Caraíbas e Pacífico]: contributo da sociedade civil", que decorre hoje na Biblioteca Municipal Almeida Garrett.
O antigo eurodeputado do PS assinalou que "o país está confrontado, como toda a Europa, com um problema de inflação" e que "em toda a Europa essa inflação se está a manifestar mais nos preços dos alimentos, não é uma questão estritamente portuguesa".
"Creio que o assunto deve ser tratado com todo o rigor", dizendo estar "à espera de conclusões", sobre o tema, que ainda estão "muito longe", considerando ainda que "estes processos são prejudicados se as informações forem surgindo parcelarmente", contribuindo para o "alarmismo social".
Questionado sobre o tempo necessário para chegar a conclusões em termos de alegadas especulações de preços, Francisco Assis considerou que "nestas coisas ganha-se sempre com a celeridade".
"Se há uma suspeita de qualquer comportamento que contraria a legislação em vigor, nós ganhamos sempre com a celeridade e perdemos sempre com a suspeita", vincou.
O presidente do CES disse que "estar a fazer considerações antes de ter informações mais detalhada, em termos de conclusões, é precipitado, errado, cria alarmismo social, não beneficia ninguém e gera desconfiança na sociedade portuguesa".
"Tudo o que seja fator introdutor de desconfiança na sociedade portuguesa é negativo, porque já há desconfiança a mais em Portugal, neste momento", afirmou aos jornalistas.
Já sobre as greves em diversos setores da sociedade portuguesa, Francisco Assis observou que "sempre que há processos inflacionistas, há tendência para haver mais greves, porque evidentemente há ali um momento de perda real de poder de compra por parte das pessoas".
"É preciso manter, também, mesmo neste contexto, uma permanente disponibilidade para o diálogo social, e é isso que é preciso que as diferentes partes compreendam, que nunca ninguém tem a razão toda do seu lado", disse o responsável, considerando que as greves em vários setores e em pouco tempo estão a "lançar uma grave perturbação no país", o que "não é positivo".
Para Francisco Assis, é importante que não se instale "a ideia de que o país está num estado caótico, porque não está, nem de longe nem de perto".
"Mas não há dúvida nenhuma que estamos numa situação de grande conflitualidade social que tem de ser objeto de devido tratamento da parte que quem pode contribuir para resolver esses problemas", concluiu.
Leia Também: Gouveia e Melo admite descontentamento com o estado dos navios da Marinha