PRR. "Reação ao desafio das agendas mobilizadoras foi surpreendente"
O primeiro-ministro considerou hoje "verdadeiramente surpreendente" o número de consórcios criados através da agendas mobilizadoras já aprovadas e em execução (53), que constituem uma das componentes fundamentais do PRR envolvendo 3.000 milhões de euros.
© REUTERS/Piroschka van de Wouw
Economia PRR
António Costa falava na apresentação do 'Caima Go Green', na fábrica instalada em Constância (Santarém), do Grupo Altri, e que incluiu a visita aos trabalhos em curso de construção de uma nova central a biomassa a partir de resíduos florestais, para produção de energia e vapor, e que vai posicionar a Caima como "a primeira fábrica de fibras celulósicas na Península Ibérica a funcionar sem recurso a combustíveis fósseis".
"A reação que, quer o sistema científico e tecnológico teve, quer o que o sistema empresarial teve ao desafio das agendas mobilizadoras foi verdadeiramente surpreendente", disse António Costa, lembrando que "a dotação inicial no Programa de Recuperação e Resiliência (PRR) era de 980 ME", montante que "muitos achavam ser um excesso de otimismo", no âmbito do programa de capitalização e inovação empresarial.
"A verdade é que, num curtíssimo espaço de tempo (...) multiplicaram-se os consórcios e nesta fase final nós temos 53 consórcios com agendas mobilizadoras aprovadas e a dotação inicial (...) teve de passar para três mil ME, tal foi a adesão do sistema empresarial, científico e tecnológico", notou.
O PRR envolve mais de 18 mil milhões de euros entre subvenções e empréstimos até 2026, tendo Costa afirmado que as agendas mobilizadoras, depois de aprovadas, estão agora "na fase mais interessante", referindo-se à sua execução.
"Como vimos, as agendas não estão paradas. Está concluída? Não. Mas está iniciada, está em marcha, tem um calendário de execução e vai estar concluída a tempo e horas", assegurou o governante.
Na visita ao 'Caima Go Green', projeto de investimento na ordem dos 130 ME e que conta com um financiamento substancial do Programa de Recuperação e Resiliência (PRR), cabendo à Caima uma fatia de 44.4 ME, José Soares de Pina, CEO da Altri, disse que a nova caldeira deverá estar concluída em outubro o que esta "vai ser a primeira fábrica de fibras celulósicas na Península Ibérica, e uma das primeiras na Europa, a funcionar sem recurso a combustíveis fósseis".
Segundo o gestor, a nova caldeira de biomassa vai aumentar a capacidade de produção de energia elétrica da Caima, permitindo responder à totalidade das necessidades de energia térmica da fábrica.
Além disso, notou, a produção excedentária, de 10 MHW, reforçará a injeção de energia verde na rede energética nacional.
O projeto, elogiou António Costa, além do papel no desígnio da descarbonização, permite ainda "evoluir na cadeia de produção", tendo feito notar que, à pasta de papel ali produzida, essencialmente para exportação, se vai "acrescentar uma nova etapa na cadeia de valor, também com a transformação da pasta em fibra têxtil".
Presente na sessão, o presidente da Câmara Municipal de Constância, Sérgio Oliveira (PS), destacou a importância social e económica de uma fábrica que emprega cerca de 180 pessoas, tendo apelado a António Costa para que ajude a encontrar uma solução para um problema de acessibilidades há muito identificado na região, nomeadamente uma travessia sobre o Tejo que permita a fluidez rodoviária e uma ligação rápida à A23.
"Permita-me que peça a sua ajuda para um problema que nos assola e que está diretamente relacionado com o desenvolvimento económico e com a coesão territorial (...) mais concretamente a travessia sobre o rio Tejo, uma estrutura adaptada da ferrovia para a rodovia em 1986 como sendo uma solução provisória e que, passados estes anos todos, não só continua como solução provisória como tem a agravante de, desde 2011, estar interdita ao trânsito pesado", referiu o autarca, tendo feito notar que a resolução daquele "estrangulamento" iria gerar emprego e ajudar a fixar população.
Atualmente, em termos de trânsito rodoviário, na ponte da Praia do Ribatejo, que liga Constância Sul a Vila Nova da Barquinha, situada mesmo ao lado da fábrica da Caima, apenas circulam, de forma alternada e regulada por semáforos, veículos com um máximo de 3,5 toneladas de peso, havendo registos de uma média diária de 3.400 viaturas.
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