O grupo bancário suíço UBS vai comprar o Credit Suisse, anunciou no domingo o presidente da Suíça, Alain Berset, considerando que esta é melhor forma de "restaurar a confiança". Trata-se de uma 'nova era' na banca do país, escreve a Reuters, dando conta que os funcionários estão surpreendidos com a decisão.
No seguimento desta notícia, as ações do Credit Suisse abriram a afundar mais de 60% esta segunda-feira e as do UBS também estão a desvalorizar.
Num comunicado enviado à agência de notícias, uma associação que representa trabalhadores bancários disse esperar que o UBS mantenha os cortes de postos de trabalho num "mínimo absoluto".
"Estão em jogo os empregos de muitos funcionários", escreveram na mesma nota.
A solução "não é apenas decisiva para a Suíça [...], mas para a estabilidade do sistema financeiro" mundial, afirmou Berset, em declarações à imprensa, na presença dos presidentes dos dois bancos, Colm Kelleher, do UBS, e Axel Lehmann, do Credit Suisse.
A ministra das Finanças suíça, Karin Keller-Sutter, declarou que a falência do Credit Suisse poderia provocar "danos económicos irreparáveis". "Por essa razão, a Suíça deve assumir responsabilidades além de suas próprias fronteiras", acrescentou a ministra.
A transação terá um valor de 3.000 milhões de francos suíços (3,02 mil milhões de euros), que serão pagos em ações UBS, ou seja, com um valor de 0,76 francos por ação do Credit Suisse, que valia 1,86 francos suíços no encerramento do mercado na sexta-feira.
Em comunicado, o Credit Suisse adiantou que foi informado pelo supervisor financeiro suiço FINMA que este determinou que o capital 'Additional Tier 1' do banco, derivado de obrigações subordinadas denominadas 'Tier 1 Capital Notes', no valor nominal agregado de aproximadamente CHF 16 mil milhões de francos suíços (16,18 mil milhões de euros), será reduzido para valor zero.
O banco explicou ainda que, tendo em conta as "circunstâncias únicas que afetam a economia suíça como um todo", o Conselho Federal Suíço emitiu uma portaria de emergência (Notverordnung) sob medida para esta transação específica.
"Mais importante ainda, a fusão será implementada sem a aprovação necessária dos acionistas do UBS e do Credit Suisse para aumentar a certeza do negócio", disse, acrescentando que as partes esperam que a operação seja concluída até final de 2023.
A fusão entre estes gigantes da banca, que integram o clube dos 30 estabelecimentos bancários considerados demasiado grandes para falir, foi fechada e anunciada antes da abertura dos mercados asiáticos, tentando evitar o pânico.
O setor bancário tem estado sob tensão desde que os grandes bancos centrais começaram a subir fortemente as taxas de juro para controlar a inflação. Muitos bancos não conseguiram preparar-se, após anos de dinheiro barato.
O recente colapso, nos Estados Unidos, do Silicon Valley Bank e de outros bancos regionais aumentou a angústia dos investidores e levou-os a vender os títulos dos bancos considerados mais fracos.
No caso do Credit Suisse, que atravessou um período de dois anos difíceis e alguns escândalos, os esforços da liderança para apresentar um plano de reestruturação de três anos pouco resolveram.
O banco central suíço comprometeu-se na madrugada de quinta-feira a conceder uma ajuda de 50.000 milhões de francos suíços ao Credit Suisse, após uma quarta-feira muito negativa em bolsa, mas a recuperação alcançada foi breve e na sexta-feira o banco voltou a cair 8%.
O UBS vai beneficiar de uma garantia de 9.000 milhões de francos do governo que serve de seguro caso sejam descobertos problemas em carteiras muito específicas do Credit Suisse, disse Keller-Sutter.
O banco central anunciou também uma linha de liquidez que vai até 100 mil milhões de francos suíços para UBS e Credit Suisse.
[Notícia atualizada às 09h11]
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