"Nunca é altura para brincar com o dinheiro dos portugueses"

O ex-secretário de Estado das Infraestruturas Sérgio Monteiro defendeu hoje, no parlamento, a propósito do processo de privatização da TAP, que "nunca é altura de brincar com o dinheiro dos portugueses", assinalando a urgência no início do processo.

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Lusa
24/03/2023 15:45 ‧ 24/03/2023 por Lusa

Economia

Sérgio Monteiro

"Não queríamos envolver dinheiro público, quando tínhamos acabado de sair de um memorando de entendimento. Nunca é altura de brincar com o dinheiro dos portugueses. Uma injeção de fundos públicos estava fora de questão", apontou o antigo secretário de Estado das Infraestruturas, Transportes e Comunicações, Sérgio Monteiro, que falava na comissão parlamentar de Economia, Obras Públicas, Planeamento e Habitação.

Neste sentido, vincou que o processo de privatização era, na altura, uma "urgência imensa", tendo em conta que a empresa vivia, "como vive hoje", num quadro de dificuldade de capitalização.

Já sobre a capitalização, que referiu ser um "conceito objetivo", Sérgio Monteiro sublinhou que os fundos têm que ser perenes na empresa e, por isso, o executivo de Passos Coelho decidiu não validar o empréstimo obrigacionista previsto pelo consórcio Atlantic Gateway (de Humberto Pedrosa e David Neeleman).

"Para nós, o que foi verdadeiramente importante foi a componente de dinheiro não reembolsável na companhia", destacou.

O antigo secretário de Estado das Infraestruturas referiu ainda que hoje ninguém discute o mérito da proposta apresentada pela Atlantic Gateway, notando que basta consultar a balança de pagamentos para verificar que a entrada de divisas, bem como as exportações para o continente americano dispararam por conta dessa mesma estratégia.

Antes, o Governo já tinha recusado a proposta do empresário Germán Efromovich, que queria que a transportadora aérea portuguesa crescesse em direção à Ásia, considerando que este não dispunha de garantias bancárias.

"Em 2012, a razão pela qual [a proposta] acabou por não prevalecer foi a não entrega de uma garantia que demonstrasse a capacidade de honrar as ações [...]. Em 2015, esse requisito foi cumprido pelo consórcio [Atlantic Gateway]", explicou.

Relativamente ao plano estratégico da companhia aérea, Sérgio Monteiro considerou que o Governo "não tem que ter estados de alma", nem definir o caminho a seguir.

"Cumpre a lei, avança-se. Não cumpre a lei e não se avança", concluiu.

[Notícia atualizada às 16h03]

Leia Também: TAP. "Injeção pública vem sempre com dor, dinheiro, cortes nos salários"

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