"Precisamos de voltar a dialogar com os agentes do setor do lixo e do saneamento da cidade de Paris para voltarmos mais fortes à greve (...), porque quase não temos mais grevistas", reconheceu, num comunicado, o sindicato CGT-FTDNEEA, que reúne funcionários da recolha do lixo, trabalhadores que tratam dos esgotos e condutores dos camiões de lixo.
Hoje, 23.º dia de greve, a recolha do lixo continua com perturbações em Paris, com o volume total de resíduos não recolhidos a rondar as 7.000 toneladas, contra as mais de 10.000 verificadas na sexta-feira passada, segundo a autarquia da capital francesa.
A polícia parisiense obrigou, com recurso a vias legais, contingentes de funcionários municipais a trabalhar e enviou unidades antimotim para abrir as garagens dos camiões de lixo e desocupar os três incineradores de lixo na região de Paris que estavam bloqueados.
França enfrenta hoje uma nova jornada de greves e manifestações contra a reforma do sistema de pensões, a décima em dois meses de forte, e por vezes violenta, contestação social que tem levado milhões de pessoas às ruas.
A nova lei das aposentações - aprovada com recurso a uma disposição constitucional para fazer passar o texto sem votação parlamentar - aumenta de 62 para 64 anos a idade de reforma sem penalizações financeiras em França.
A última jornada de protesto, na passada quinta-feira, mobilizou entre 1,08 milhões de pessoas (segundo a polícia) e 3,5 milhões de pessoas (números da central sindical Confederação Geral do Trabalho) em várias manifestações, algumas marcadas por violentos incidentes: uma esquadra de polícia foi atacada em Lorient, manifestantes incendiaram o edifício da câmara de Bordéus e foram registados distúrbios e atos de vandalismo em Paris.
O lixo acumulado nas ruas de Paris tem sido usado por alguns manifestantes para atear fogos na via pública.
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