Armindo Monteiro assumiu esta posição na cerimónia da sua tomada de posse como presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP), sucedendo no cargo a António Saraiva, tendo ainda reiterado que a confederação "não pode aceitar" alterações à lei laboral que resultaram da Agenda para o Trabalho Digno.
Considerando que Portugal precisa de "convergência, consolidação e crescimento" para responder aos "reais problemas" que enfrenta, Armindo Monteiro sublinhou não ser possível continuar a ver os empresários e os trabalhadores como estando em "lados opostos da barricada", anunciando que o pacto de crescimento será discutido entre as confederações patronais e sindicais antes de ser apresentado ao Governo.
"Assumo aqui o compromisso de, dentro de 30 dias, apresentarmos ao Governo uma proposta de Pacto para o crescimento de Portugal, com medidas concretas", disse, precisando que o documento terá "metas, objetivos e desígnios bem definidos e com prazos estabelecidos".
Agradecendo a presença dos líderes da CGTP e UGT, afirmou que as primeiras reuniões de trabalho que vai solicitar, "ainda esta semana, serão precisamente com estes parceiros sociais que representam os trabalhadores.
"Depois, solicitaremos, então, uma reunião ao Chefe do Governo para apresentarmos e discutirmos as nossas propostas", disse Armindo Monteiro que antes já tinha apontado que Portugal tem de aumentar "a riqueza, a produtividade e a eficácia do Estado".
"Portugal tem de deixar de ser o país dos estudos e mais estudos, que sucessivamente se sobrepõem, e passar a ser um país de ação e concretização", disse sublinhando que o país precisa de uma "agenda de mudança e de transformação" o torne "mais competitivo".
Numa intervenção em que aludiu também à "enorme carga fiscal que penaliza as empresas e os trabalhadores", o novo presidente da CIP afirmou que a confederação tem o "propósito claro" de "lutar contra o conformismo de sermos uma espécie de carro vassoura da União Europeia, sufocados em comissões e mais comissões, em grupos de estudo que se atropelam uns aos outros e em teias burocráticas que, até no acesso aos fundos comunitários, nos enredam".
Armindo Monteiro, que já era vice-presidente da CIP, foi eleito presidente da confederação patronal em 30 de março, com 87% dos votos, na "maior participação de sempre" para a eleição dos órgãos sociais da confederação, segundo um comunicado então divulgado.
Até agora, a CIP era presidida por António Saraiva, que liderou a confederação durante 13 anos.
O novo presidente da CIP é licenciado em gestão de empresas e é, desde 2010, presidente do Grupo Levon, que desenvolve a sua atividade nas áreas de engenharia e construção, ambiente e serviços, IT, 'advertising' e gestão imobiliária.
Foi também acionista e presidente da empresa Softline, entre 1994 e 2010, e do Grupo COMPTA, entre 2007 e 2019, tendo liderado a ANJE -- Associação Nacional de Jovens Empresários e a ANETIE -- Associação Nacional das Empresas das Tecnologias de Informação e Eletrónica.
A CIP -- Confederação Empresarial de Portugal representa 150 mil empresas, que empregam 1,8 milhões de trabalhadores e têm um volume de negócios que representa 71% do PIB nacional, segundo um comunicado.
A confederação integra o Conselho Económico e Social (CES) e a Comissão Permanente de Concertação Social.
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