"O Pico não só está bem servido em número de lugares oferecidos, como também poderá ter voos extraordinários, caso haja necessidade", destacou a governante, em declarações feitas no parlamento açoriano, reunido na cidade da Horta, em resposta a uma sessão de perguntas ao Governo feita pelo deputado da Iniciativa Liberal, Nuno Barata, sobre os investimentos anunciados pelo executivo de coligação (PSD, CDS-PP e PPM), na ilha do Pico.
A titular da pasta dos transportes na região entende que este aumento da oferta de lugares nos voos da companhia aérea regional representa "uma oferta robusta", e que resulta também do crescimento turístico que se tem verificado na ilha montanha.
A deputada socialista Marta Matos, eleita pelo Pico, entende que o Governo Regional não tem cumprido as suas promessas para com a ilha, nomeadamente, em matéria de acessibilidades, dando como exemplo a prometida ampliação da pista do Aeroporto do Pico, que considerou não passar de "propaganda" política.
Rui Martins, deputado do CDS, acusa os socialistas, que estiveram no Governo até 2020, de terem "inviabilizado" o projeto de ampliação da pista do Aeroporto do Pico, ao autorizarem projetos de revitalização da cultura da vinha do Pico, comparticipadas por fundos comunitários, através do programa VITIS, junto a uma das cabeceiras da pista, que agora a região pretende ampliar.
"Esses projetos, aprovados em 2020, inviabilizam, na prática, a ampliação da pista do Aeroporto do Pico até 2035", lamentou o deputado centrista, adiantando que os socialistas dizem agora uma coisa, mas fizeram o seu contrário no passado.
Paulo Estêvão, deputado do PPM, insurgiu-se também contra as críticas da bancada socialista, recordando que o PS teve responsabilidades políticas durante 24 anos consecutivos na região, e não acautelou as matérias relacionadas com a ampliação da pista do Pico, exigindo ao executivo de direita que agora governa no arquipélago, aquilo que não foi capaz de fazer quando estava no poder.
Nuno Barata, deputado único do IL, criticou também o "escandaloso" atraso que se tem verificado na recuperação da lancha "Espalamaca" (antiga embarcação construída em madeira, destinada ao transporte de passageiros entre as ilhas do Faial, Pico e São Jorge), que está a "apodrecer" no porto de Santo Amaro do Pico.
O secretário regional do Mar e das Pescas, Manuel Humberto São João, explicou que a estimativa dos custos de recuperação da lancha aponta para um investimento total de 200 mil euros, parte dos quais financiados por donativos recolhidos pela Associação de Amigos do Canal, e que a expectativa é que a embarcação esteja a operar, no verão de 2024, ao serviço da Escola do Mar dos Açores.
Durante a sessão de perguntas, a secretária regional do Turismo, Mobilidade e Infraestruturas anunciou também que a empresa pública "Portos dos Açores" adquiriu uma bomba extratora para retirar as algas que se têm acumulado no porto da Madalena do Pico, e que têm provocado cheiros nauseabundos.
Berta Cabral adiantou ainda que o Governo quer encontrar uma solução, a longo prazo, para este problema de acumulação de algas (que já se arrasta há vários anos), acrescentando que o Laboratório Regional de Engenharia Civil (LREC) vai estudar a movimentação das águas naquele porto, trabalho que será acompanhado pelo professor de engenharia costeira e portuária, do Instituto Superior Técnico, Trigo Teixeira.
Alexandra Manes, deputada do BE, questionou o Governo sobre o mau estado do piso da estrada de acesso à Casa da Montanha, onde se reúnem os turistas que pretendem subir à montanha do Pico (o ponto mais alto de Portugal, com 2351 metros de altitude), recordando que os operadores turísticos e os taxistas, queixam-se das condições do pavimento.
O secretário regional da Agricultura e Desenvolvimento Rural, António Ventura, lembrou que aquela via rodoviária, que serve também muitas pastagens agrícolas do Pico, já foi, entretanto, "remendada", mas acrescentou que o Governo açoriano pretende lançar um concurso público para a sua repavimentação, no âmbito do próximo programa de financiamento comunitário.
Além das acessibilidades, também se falou de cultura, de saúde e habitação, durante a sessão de perguntas efetuada pelo deputado Nuno Barata, que terminou, nesta sessão plenária de junho, um conjunto de nove sessões de perguntas do governo, sobre os problemas das nove ilhas dos Açores.
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