Setor público perdeu atratividade para jovens licenciados, revela o BdP

O setor público mantém vantagens salariais, mas deixou de ser atrativo no início da carreira, conclui um estudo do Banco de Portugal (BdP), divulgado hoje.

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Lusa
21/06/2023 15:33 ‧ 21/06/2023 por Lusa

Economia

Banco de Portugal

A análise que integra o Boletim Económico de junho da instituição, atualizado hoje, revela que um trabalhador licenciado no setor público tem, face ao setor privado, um ganho salarial superior em cerca de 35 pontos percentuais (p.p.) no final da carreira face ao ponto de entrada.

"Entre 2008-09 e 2018-19, tal perfil crescente do diferencial manteve-se, mas verificou-se uma redução aproximadamente uniforme ao longo da carreira", assinala ainda assim.

O estudo realça que enquanto em 2008-09 existia um prémio em todos os escalões de experiência no setor público, atualmente a situação já não se verifica para os licenciados no início da carreira.

"O setor público perdeu assim capacidade de atração de jovens licenciados relativamente ao setor privado", refere.

Para os não-licenciados, a análise conclui que o diferencial salarial só se torna positivo após 28 anos de experiência" no caso da escolaridade igual ou inferior ao 9.º ano, e após 20 anos de experiência, para os indivíduos que concluíram o 12.º ano.

O BdP explica que o prémio salarial médio do setor público é de cerca de 11% em 2018-2019, tendo diminuído cerca de 03 p.p. desde 2008-09.

O prémio salarial do setor público é mais elevado para quem tem educação superior (23% no período mais recente), embora também se observe um prémio de 9% para os indivíduos que concluíram o 12.º ano.

"Parte do prémio dos licenciados advém da maior proporção de licenciados a ocupar profissões menos qualificadas no setor privado do que no setor público", explica.

No período mais recente, metade dos recursos humanos do setor público são licenciados, contra 20% no setor privado, ainda que o nível de escolaridade tenha melhorado em ambos os setores.

Segundo o BdP, o setor público também se distingue do privado pela elevada proporção de mulheres (mais de 60%), por um maior número médio de anos de experiência (mais quatro anos) e por um menor número médio de horas trabalhadas.

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