De acordo como o relatório de supervisão comportamental, no ano passado o BCV recebeu 287 reclamações dos consumidores financeiros, sendo 276 sobre o setor bancário e 11 sobre o setor segurador, numa média de 24 por mês.
No período em análise, 96,17% de todas as reclamações recebidas pelos consumidores financeiros visaram o setor bancário, nas categorias ATM (caixa automática), cartões de crédito, cartões de débito, cheques, conta bancária, crédito ao consumo, crédito à habitação, fraudes, Internet 'banking' e transferências.
Em 2022, no total das 194 reclamações tratadas contra esses serviços, a categoria conta bancária foi a com mais reclamações, tendo recebido 39 queixas, mais duas em relação ao ano anterior.
"A categoria 'conta bancária' por ter um campo de atuação mais amplo, abrange diversos temas conexos e, por conseguinte, durante o ano em análise, foi a categoria alvo de maior número de reclamações dos consumidores financeiros", explicou.
O BCV indicou que a seguir está a categoria fraude com 29 reclamações.
"À semelhança do ano transato, o número de reclamações referentes à fraude sofreu um recuo em 2022, uma diminuição de 19,44% em relação ao ano precedente. Não obstante, esta categoria foi a segunda mais reclamada durante o ano em apreço", concluiu o relatório.
Em terceiro lugar estão os serviços relacionados com as transferências bancárias, com 28 queixas - no ano passado liderava com 46 - seguindo-se o crédito ao consumo, com 27, entre os quatro primeiros.
Em relação às matérias reclamadas, em primeiro lugar aparece a categoria cartão de crédito, seguida de crédito ao consumo, cheques e crédito à habitação.
Relativamente aos bancos com mais reclamações em 2022, em primeiro aparece o banco BAI Cabo Verde, com 25,26% seguido pelo BCA (detido pelo grupo português Caixa Geral de Depósitos), com 22,16%, em terceiro lugar encontra-se o banco estatal cabo-verdiano Caixa Económica, com 20,10%, seguindo-se o Ecobank Cabo Verde com 16,49%, o Banco Interatlântico com 10,31%, e o Banco Cabo-verdiano de Negócios (BCN) em sexto com 5,67%.
"O banco IIB [liderado pelo grupo iib do Bahrain e participado em 10% pelo Novo Banco português], durante o ano de 2022, não recebeu qualquer reclamação por parte dos consumidores financeiros".
Ainda de acordo com o BCV, na categoria atendimento foram registadas 82 reclamações, mas explicou que, pela sua natureza, se encontram fora do escopo da supervisão comportamental, ou seja, não integram as competências legais do BCV na fiscalização de conduta do mercado.
"E que se debruçam, designadamente, sobre alegadas situações de falta de cordialidade, lisura e tempo de espera no atendimento, má gestão de filas de espera e falta de condições dentro das agências, porém, todas foram acolhidas, acompanhadas e sanadas", reforçou.
Segundo o regulador cabo-verdiano, nos últimos anos o sistema financeiro cabo-verdiano, em particular o setor bancário, passou por um "processo contínuo de transformação, evoluindo de forma positiva".
Atualmente, o sistema financeiro cabo-verdiano conta em 10 instituições autorizadas a operar a nível nacional, sob a supervisão do Banco de Cabo Verde, sendo oito bancos comerciais autorizados e duas seguradoras.
A Lusa noticiou em fevereiro que os bancos comerciais que operam em Cabo Verde registaram lucros históricos de 4.663 milhões de escudos (42,5 milhões de euros) em 2022, um aumento de 26,5% face ao ano anterior.
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