Em causa está uma troca de palavras em que António Costa lembrou o passado de Ventura como funcionário da Autoridade Tributária (AT). O STI considerou que o comentário do primeiro-ministro foi "ambíguo, ofensivo" e que "generaliza e demonstra uma enorme falta de respeito pelos trabalhadores que lhe garantem a receita do OE [Orçamento do Estado]".
O STI frisou que "os trabalhadores da AT se sentem ofendidos pelo comentário infeliz do mais alto representante do Governo e espera que António Costa se retrate junto dos trabalhadores, demonstrando o devido respeito pelo trabalho que desempenham, muitas vezes em condições deploráveis, para garantir a função Tributária e Aduaneira do Estado".
Na sua intervenção no regresso dos debates quinzenais na Assembleia da República, esta quarta-feira, André Ventura afirmou que, no próximo ano, "os portugueses vão entregar mais dinheiro ao Estado", falando também na "vergonha de aumento do IUC [Imposto Único de Circulação] que deixaria corado qualquer democrata".
Ventura disse ainda acreditar que o primeiro-ministro tem "três mãos": "há as duas mãos, as que governam, e há a mão que está sempre a gamar os portugueses".
Na resposta, o primeiro-ministro indicou ser "difícil manter" com André Ventura "um debate ao nível que a Assembleia da República está habituada".
"Quando um orador usa excesso de adjetivos, de agressividade e de insulto é porque tem défice de razão e, portanto, quando o senhor deputado precisa de utilizar expressões como gamar, tretas, vigarice, burla, cada uma destas palavras só quer dizer que não tem a menor razão ou credibilidade para dizer o que quer que seja", acusou.
"Depois de o senhor deputado ter dito que acredita mesmo que eu tenho três mãos, estamos todos esclarecidos sobre a credibilidade de qualquer coisa que o senhor deputado possa dizer", acrescentou o chefe de Governo.
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