"[O Governo tem] falta ter vontade. Dinheiro não falta de certeza. Falta-lhes vontade e falta-lhes perceber o que somos, quem somos e porque é que andamos aqui", disse a dirigente aos jornalistas, à margem de uma ação de luta em Lisboa.
Os reformados, que hoje marcham em protesto entre a praça do Saldanha e o Campo Pequeno, pedem um aumento de 7,5% para todas as pensões, num mínimo de 70 euros, no âmbito da discussão do Orçamento do Estado para 2024, no sentido de repor o poder de compra e a valorização das reformas e pensões.
"Estamos aqui para lutar pelos 7,5% de aumento das nossas pensões, no mínimo de 70 euros. (...) É necessário, além do aumento das pensões, que tenhamos hipótese de ter um cabaz de compras nos valores que realmente permitam as pessoas continuarem a comer e a comprar alimentos", salientou Isabel Gomes.
Sobre se estão previstas novas manifestações até ao final do ano, a presidente da Murpi referiu que em princípio os reformados e pensionistas não sairão mais à rua em 2023, mas salientou que, caso surja "alguma coisa" de última hora, o movimento pode ter de "ir à porta da Assembleia da República dizer que" os idosos não conseguem "viver com tão pouco".
O protesto de hoje, realizado em Lisboa e no Porto, é organizado pela Murpi - Confederação Nacional de Reformados, Pensionistas e Idosos, uma iniciativa que encerra as comemorações do Dia do Idoso.
Pelas 14:30, encontravam-se algumas dezenas de reformados e pensionistas na marcha de Lisboa -- número que foi subindo para várias centenas após um abrandamento da chuva que se fazia sentir na capital.
No caderno reivindicativo para o próximo ano, além do aumento de 70 euros das pensões, a Murpi reclama habitação digna, uma rede de equipamentos e serviços de apoio à terceira idade, um Serviço Nacional de Saúde (SNS) público e gratuito, mais mobilidade, fruição cultural e desportiva e defesa e fortalecimento do movimento associativo.
Solidário com a manifestação da Murpi, o secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, afirmou tratar-se de uma jornada de luta justa e concordou que "o Governo só não sobe as pensões, porque não quer".
"É uma luta justíssima. O que se está aqui a pedir é: quem trabalhou uma vida inteira, quem fez um esforço tremendo, quem ajudou este país a andar para a frente com o seu trabalho merece ter uma vida melhor, uma vida digna e para isso é preciso dar resposta a vários problemas", realçou.
Segundo Paulo Raimundo, o Governo devia canalizar os benefícios de dois mil milhões euros em IRS, entre 2023 e 2027, nos reformados e pensionistas, lembrando que a proposta de aumento das pensões no mínimo de 70 euros "não resolve os problemas todos".
O Governo podia pegar nos "tais dois mil milhões de euros que são entregues em benefícios fiscais para os grupos económicos" e "apostar nesta gente", indicou.
"Criar melhores condições de vida para os reformados significa melhores condições vida para esta gente", sublinhou
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