"Há o compromisso da Mutares para globalmente manter a força de trabalho", afirmou António Costa Silva, em conferência de imprensa, no Ministério da Economia, em Lisboa.
O governante admitiu, contudo, que "eventualmente poderá haver um ajustamento pontual", mas acrescentando que o fundo de investimento Mutares disse ao Governo que quer "reforçar postos de trabalho de engenharia" e tem previstos programas de requalificação profissional.
Esta terça-feira, a Parpública (do Estado) vendeu a totalidade da Efacec (nacionalizada em 2020) ao fundo de investimento alemão Mutares, depois de ter obtido a aprovação da Comissão Europeia. A Efacec tem cerca de 2.000 trabalhadores.
O Estado pôs mais 160 milhões de euros na empresa, tendo hoje o Governo explicado que sem 'limpar' a situação financeira da Efacec não a conseguiria vender.
Este valor soma-se aos 200 milhões de euros que o Estado já pôs na empresa nos últimos 20 meses (para pagar custos fixos, desde logo salários). Ainda na esfera do Estado, o Banco de Fomento tem 35 milhões de euros em obrigações (convertíveis em capital) da Efacec.
A Mutares prevê que a Efacec atinja o equilíbrio em cinco anos ('breakeven') e tem a obrigação de se manter na empresa pelo menos durante três anos (sem vender).
Também na conferência de imprensa, o secretário de Estado das Finanças, João Nuno Mendes, explicou ainda que no negócio ficou acordado uma possibilidade de recuperação do dinheiro investido pelo Estado (num mecanismo de cascata), podendo o Estado recuperar dois terços dos lucros de uma venda e 75% de uma eventual distribuição de dividendos ou caixa (no prazo de cerca de cinco anos).
O secretário de Estado vincou ainda, por várias vezes, que desde que foi nacionalizada a Efacec pagou ao Estado cerca de 100 milhões de euros em IRS e Segurança Social.
O ministro da Economia destacou a importância de Efacec como "grande empresa tecnológica", considerando que deixá-la cair teria sido "desastroso para a economia portuguesa" e sobretudo para a região Norte.
"A região do Porto e Matosinhos já sofreu com o encerramento da refinaria da Galp. O colapso da Efacec teria efeitos devastadores", afirmou, recordando que além dos trabalhadores há 2.800 fornecedores que trabalham com a Efacec.
Costa e Silva considerou que o Estado existe precisamente para fazer face a falhas de mercado e que é fundamental salvar uma empresa que tem 2.000 postos de trabalho, "é uma marca da engenharia portuguesa e cria valor".
"Se tivermos fé cega nos mercados e deixarmos que resolvam tudo, não só não resolvem como criam grande miséria para as pessoas", afirmou.
Nesta operação de venda, o acionista minoritário MGI Capital (detida a meias pelo Grupo José de Mello e a Têxtil Manuel Gonçalves, que tina 28,27% da Efacec) deixou de ter qualquer participação na Efacec, não tendo recebido qualquer valor em troca.
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