O Banco Mundial justifica as previsões com a queda do comércio mundial, as elevadas taxas de juro, bem como a instabilidade geopolítica que poderá provocar um "enfraquecimento adicional do crescimento" no futuro.
A organização alerta para uma "perspetiva sombria" para os próximos anos, apesar do facto de "a inflação global estar a ser controlada sem levar o mundo a uma recessão", segundo o economista-chefe do Banco Mundial, Indermit Gil, em declarações aos jornalistas.
"É raro que os países reduzam as taxas de inflação sem provocar um abrandamento, mas desta vez uma aterragem suave parece cada vez mais possível. Contudo, para além dos próximos dois anos, as perspetivas são sombrias", indicou.
Segundo o relatório de previsões económicas mundiais, no final de 2024 registar-se-á o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) global a cinco anos mais lento em 30 anos.
Ainda assim, a instituição sediada em Washington melhorou o crescimento de 2023 em cinco décimas, para 2,6%, em comparação com as projeções anteriores publicadas em junho.
Este ano, as economias avançadas crescerão 1,2%, o mesmo valor estimado em junho passado, embora em 2025 cresçam seis décimas menos do que o anteriormente esperado, 1,6%.
Para a zona euro prevê um crescimento da economia de 0,7% em 2024 (menos seis décimas que a estimativa anterior) e 1,6% em 2025 (menos sete décimas) e para os Estados Unidos de 1,6% (seis décimos a mais do que o estimado) em 2024 e 1,7% em 2025 (seis décimos a menos).
As economias emergentes crescerão 3,9% em 2024 e 4% em 2025 (face aos 7% que cresceram em 2021, por exemplo), os mesmos números que o Banco Mundial estimou em junho.
Quanto à principal potência emergente, a China, continuará a abrandar o crescimento e crescerá 4,5% em 2024 e 4,3% em 2025 (um décimo menos do que o anteriormente estimado, em ambos os períodos).
"Existem múltiplos riscos para as perspetivas de agravamento, incluindo tensões geopolíticas crescentes, stress financeiro relacionado com taxas de juro elevadas, potencial para inflação persistente, crescimento mais fraco do que o esperado na China, maior fragmentação e desastres relacionados com as alterações climáticas", destacou o economista-chefe da instituição.
O Banco Mundial considera que o recente conflito no Médio Oriente, juntamente com a invasão russa da Ucrânia, aumentou significativamente os riscos geopolíticos e a intensificação destes conflitos "poderá ter repercussões globais adversas através dos mercados financeiros e de mercadorias, do comércio e da confiança".
Os ataques a navios comerciais que transitam no Mar Vermelho já começaram a perturbar "rotas marítimas importantes" e corroeram as "redes de abastecimento" e aumentaram "a probabilidade de estrangulamentos inflacionistas".
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