A TAP acusa a antiga CEO Christine Ourmières-Widener de ter trabalhado para uma consultora de viagens e aviação enquanto liderava a companhia aérea, ocultando esta informação e tendo "violando clamorosamente" o Estatuto do Gestor Público.
Este é, por isso, um motivo para a demissão por justa causa, de acordo com a contestação que a defesa da TAP entregou na segunda-feira, citada pelo ECO.
Contactada pelo Notícias ao Minuto, fonte oficial da companhia aérea disse que a TAP "não comenta casos judiciais".
Contudo, de acordo com a defesa da companhia aérea, desde dezembro de 2019 que Christine Ourmières-Widener é "fundadora, acionista e administradora da O&W Partners, com sede em Londres", sendo que esta é uma "empresa de consultoria de viagens e aviação (travel & airline consulting)".
Além disso, a antiga CEO nunca "informou ou sequer solicitou qualquer autorização" à TAP para a referida acumulação de cargos: "Na verdade, só no âmbito da preparação da presente ação é que a TAP tomou conhecimento de que a autora [Christine Ourmières-Widener] havia sonegado esta informação", apontam os advogados de defesa da companhia aérea nacional.
TAP acusa ex-CEO de conflito de interesses com empresa ligada ao marido
Os advogados da TAP acusam ainda a ex-presidente executiva de permitir uma situação de conflito de interesses com a empresa que contratou o marido e tentou prestar serviços à companhia aérea, causando "graves riscos reputacionais" à transportadora.
O marido da ex-CEO, Floyd Murray Widener, foi contratado para a empresa israelita Zamna três meses depois de Christine Ourmières-Widener ter assumido funções na TAP.
Os advogados apontam ainda que o marido da gestora foi contratado para o cargo de diretor de desenvolvimento comercial, apesar da formação na área da literatura e experiência profissional na área das telecomunicações e aluguer de espaços para eventos.
Ex-CEO violou "grosseiramente" deveres por ocultar acordo de saída de Reis
A TAP acusou também a ex-presidente executiva de violar "grosseiramente" os deveres de administradora, ao ocultar o acordo de saída de Alexandra Reis da maioria dos membros do Conselho de Administração, que souberam pela comunicação social.
"A Autora [Christine OUrmières-Widener] ocultou a celebração do acordo de cessação da maioria dos membros do Conselho de Administração, os quais sofreram o vexame de saber pela comunicação social, no final de 2022, que a empresa de que eram administradores havia pago mais de meio milhão de euros à engenheira Alexandra Reis para esta sair", lê-se na contestação da companhia aérea à ação judicial da ex-CEO para contestar o despedimento por justa causa.
Segundo o documento, a que a Lusa teve hoje acesso, os advogados apontam que a ex-CEO negociou um contrato com a então administradora Alexandra Reis, sem submeter os termos e a decisão de o assinar ao Conselho de Administração ou à Comissão Executiva.
De recordar que Christine Ourmières-Widener reclama 5,9 milhões à TAP. O Governo anunciou, a 6 de março, que a Inspeção-Geral de Finanças (IGF) tinha concluído que o acordo celebrado para a saída antecipada de Alexandra Reis da TAP era nulo e que ia pedir a restituição dos valores.
Christine Ourmières-Widener foi exonerada por justa causa, em abril de 2023, no seguimento da polémica indemnização de meio milhão de euros a Alexandra Reis, que levou à demissão de Pedro Nuno Santos e Hugo Mendes e à constituição de uma comissão parlamentar de inquérito à gestão da companhia aérea.
[Notícia atualizada às 13h50]
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