A greve foi inicialmente convocada pelo Sindicato dos Trabalhadores das Empresas do Grupo CGD (STEC), depois de o banco público ter revisto a sua proposta de atualização salarial ligeiramente, de 3% para 3,25%, considerando então o STEC (que pedia 5,9% com um mínimo de 110 euros) que se tratam aumentos "irrisórios e absurdos".
Em comunicado divulgado esta quinta-feira, o STEC recordou que se fala muito da necessidade de aumentar salários em Portugal, mas que a "administração do banco público, que é tutelado pelo Ministério das Finanças, tem de dar o exemplo até porque os lucros históricos" o permitem, ao mesmo tempo que o banco se manteria sólido e poderia devolver dinheiro aos contribuintes.
O STEC diz que a greve servirá para exigir aumentos salariais dignos, medidas para contratar mais funcionários e combater a degradação das condições de trabalho e uma CGD "pública, forte e sólida, ao serviço do país e das populações".
À convocação de greve juntaram posteriormente os sindicatos dos bancários ligados à UGT (Mais Sindicato, SBN e SBC). Também o Sintaf, ligado à CGTP, apelou à paralisação.
Quando a greve foi convocada, a CGD mostrou estranheza que tal fosse feito quando ainda decorria o processo de discussão com os sindicatos, considerando que com isso o STEC "entendeu desvalorizar as negociações". Disse ainda o banco que "esta greve corre o risco de confundir processos negociais com posições políticas".
Já esta segunda-feira, nas vésperas da greve, a CGD anunciou que, a pensar no interesse dos funcionários, vai avançar com a atualização salarial média de 3,25% (com mínimo de 52,63 euros) já no salário deste mês, com efeitos a 01 de janeiro, e acrescentou que com promoções, prémios e incentivos o aumento da massa salarial global é de 7,2%.
Para o STEC, esta decisão inédita da empresa de avançar unilateralmente com essa atualização "viola o direito à Contratação Coletiva estabelecido na Constituição da República Portuguesa e no Código do Trabalho, subvertendo e desvirtuando o processo negocial" e demonstra "má-fé".
Hoje, em comunicado, a Comissão de Trabalhadores (CT) da CGD considerou que o que o banco público fez foi uma "astuciosa manobra de aliciamento" e que quer dar a entender que se preocupa com trabalhadores "quando ainda há poucos dias rejeitou uma série de medidas de âmbito social propostas pela CT para mitigar essas mesmas dificuldades".
A CT diz ainda que há várias informações que o banco público passa que não estão bem explicadas e com que pretende confundir a opinião pública, caso dos salários dos funcionários. Em específico, critica a CGD por, nos seus comunicados, falar em 2.717 euros de remuneração bruta total mensal média (sujeita a impostos), quando - diz - engloba o conjunto dos 18 níveis remuneratórios e subsídio de almoço, pelo que transparência seria "revelar o valor do salário base em cada nível".
"Esta revelação (do salário base real do trabalhador) sem subterfúgios e espertezas saloias, revelaria as grandes assimetrias da grelha salarial atual na CGD e as gritantes injustiças e desigualdades entre trabalhadores", refere a CT.
A acompanhar a greve haverá uma concentração de trabalhadores esta sexta-feira frente à sede da CGD, em Lisboa, às 12:00.
A CGTP anunciou que o seu novo secretário-geral da CGTP, Tiago Oliveira, marcará presença. Em comunicado, a central sindical considerou "irrisório" o aumento de 3,25% e disse que a decisão inédita da empresa de avançar unilateralmente com essa atualização revela má-fé e "viola o direito à Contratação Coletiva, subvertendo e desvirtuando o processo negocial".
A CGD foi o único dos grandes bancos que ainda não apresentou resultados, mas a previsão é que sejam históricos já que até setembro teve lucros de 987 milhões de euros (mais 43% face ao mesmo período de 2022).
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