Em informação enviada à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), o grupo informa que os lucros na globalidade do ano passado diminuíram dos 152,5 milhões de euros registos em 2022 para 42,8 milhões de euros em 2023.
O grupo de pasta para papel e produção de energia renovável a partir de biomassa mostra-se, contudo, confiante sobre os resultados deste ano, realçando que o "nível de procura tem melhorado como consequência da forte recuperação do mercado asiático, levando a sucessivos aumentos de preços", pelo que "perspetiva uma melhoria da rentabilidade no arranque de 2024".
Em 2023, as receitas totais caíram 26,1% face ao ano anterior, para 788,2 milhões de euros, refletindo uma "rápida evolução negativa dos preços da pasta 'hardwood' [madeira de lei], consequência da diminuição na procura global no início do ano que eventualmente afetou os volumes vendidos".
O EBITDA (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização consolidado) encolheu 54,4% face a 2022, totalizando 137,3 milhões de euros, atingindo uma margem de EBITDA de 17,4%, o que se traduz numa redução de 10,8 pontos percentuais face ao período homólogo.
O grupo adianta que desde 2023 "reforçou o foco na gestão de custos, com resultados muito positivos", com ganhos de eficiência, aliados à normalização dos preços de eletricidade e gás natural e consequente redução do preço dos químicos.
O investimento líquido do grupo atingiu 60,7 milhões de euros, o que compara com 45,3 milhões no período homólogo, enquanto a dívida líquida diminuiu para 356,7 milhões de euros, o que equivale a um rácio de dívida líquida/EBITDA LTM de 2,6x.
"A redução do nível de dívida é justificada pela geração de 'cash-flow' próprio e contínuas melhorias de eficiência ao nível do fundo de maneio", detalha.
Em termos operacionais, a produção de fibras celulósicas atingiu 1.061 mil toneladas e as vendas 1.081 mil toneladas.
O grupo sublinha que "2023 foi um ano de ajustamento do ciclo do mercado de pasta global", que "estabilizou perto do verão devido ao dinamismo da China, o que acabou por levar a uma melhoria do nível de preços também na Europa, após terem atingido mínimos em agosto".
"Esta melhoria, quer da procura quer de preços, continuou durante o quarto trimestre de 2023 e continuamos a ver as mesmas tendências positivas no início de 2024", aponta.
A Altri mantém em aberto a decisão sobre o projeto Gama, na Galiza, apontando "uma decisão final assim que as condições necessárias estiverem reunidas".
O projeto Gama decorre de um Memorando de Entendimento (MdE) assinado com a Impulsa, um consórcio público-privado da Comunidade Autónoma da Galiza, para estudar em exclusivo a construção de uma unidade industrial de raiz, para a produção de pasta solúvel e fibras têxteis sustentáveis, segundo o grupo.
A Altri é um produtor de fibras celulósicas, estando também presente no setor de energias renováveis de base florestal, nomeadamente a cogeração industrial através de licor negro, que detém atualmente três fábricas em Portugal e gere cerca de 92,8 mil hectares de floresta no país.
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