No final de março, a banca do território tinha acumulado empréstimos vencidos no valor de 45,4 mil milhões de patacas (5,25 mil milhões de euros), mais 111,3% do que em igual mês do ano passado, de acordo com um comunicado da Autoridade Monetária de Macau (AMCM).
O crédito bancário malparado tem atingido novos recordes há 13 meses consecutivos, indicou a AMCM, cujos dados remontam a 1990, ainda durante a administração portuguesa do território.
O crédito vencido representa 4,2% dos empréstimos dos bancos de Macau, também mais do dobro do registado no final de março de 2023. Uma percentagem que atinge 5,6% no caso do crédito a instituições ou indivíduos fora da região chinesa.
A Autoridade Bancária Europeia, a agência reguladora da UE, por exemplo, considera que os bancos com pelo menos 5% dos empréstimos malparados têm "elevada exposição" ao risco e devem estabelecer uma estratégia para resolver o problema.
Ainda assim, a percentagem de crédito bancário vencido em Macau está longe do recorde de 25,3% alcançado em meados de 2001, em plena crise económica mundial causada pelo rebentar da bolha especulativa das empresas ligadas à Internet.
Os bancos da região chinesa obtiveram um lucro de 2,48 mil milhões de patacas (286,9 milhões de euros) no primeiro trimestre de 2024, menos 38,5% do que no mesmo período de 2023 e o valor mais baixo em mais de uma década.
A principal razão para a diminuição dos lucros foi uma queda de 23,7%, para 3,86 mil milhões de patacas (446,4 milhões de euros), na margem de juros, a diferença entre as receitas dos empréstimos e as despesas com depósitos.
Isto apesar da AMCM ter aprovado três aumentos da principal taxa de juro de referência em 2023, a última das quais uma subida de 0,25 pontos percentuais, introduzida em maio, seguindo a Reserva Federal norte-americana.
Os empréstimos, a principal fonte de receitas da banca a nível mundial, diminuíram 13,8% em comparação com março de 2023, fixando-se em 1,07 biliões de patacas (124,1 mil milhões de euros).
Pelo contrário, os depósitos junto dos bancos de Macau aumentaram 0,2% em termos anuais, para 1,23 biliões de patacas (142,5 mil milhões de euros) no final de março.
A banca da região administrativa especial chinesa tinha terminado 2023 com um lucro de 6,14 mil milhões de patacas (701,3 milhões de euros), menos 53,5% do que no ano anterior.
Macau tem dois bancos emissores de moeda: a sucursal local do banco estatal chinês Banco da China e o Banco Nacional Ultramarino (BNU), que pertence ao Grupo Caixa Geral de Depósitos.
O BNU anunciou em fevereiro lucros líquidos de 587,3 milhões de patacas (cerca de 68 milhões de euros) durante 2023, "devido principalmente ao aumento das taxas de juros".
Leia Também: Operadora de jogo em Macau MGM China começa 2024 com lucros recorde