"Afirmar que o custo é o motivo para os resultados do primeiro trimestre serem piores parece-me a mim que é perigoso e parece-me a mim que seria mais adequado afirmar que o investimento feito nos acordos de empresa, no pessoal, foi investimento que trará resultados positivos no futuro, mas que neste momento são um investimento e não um custo", defendeu o presidente do SNPVAC, Ricardo Penarróias, em declarações à agência Lusa.
O dirigente sindical lembrou que na apresentação de resultados anterior, a administração da TAP tinha já referido custos com trabalhadores, expressão que o sindicato considera perigosa.
"Os acordos de empresa que foram negociados são, na verdade, um investimento que a empresa está a fazer, é um investimento que os trabalhadores depositaram na empresa para permitir, não só uma melhoria da sua qualidade de vida, mas também [...] medidas que fazem com que a companhia possa crescer", salientou Ricardo Penarróias.
Os novos acordos de empresa, negociados com todos os sindicatos representativos dos trabalhadores da TAP, puseram fim aos cortes salariais aplicados ao abrigo dos acordos de emergência, quando a companhia aérea entrou em dificuldades devido à pandemia de covid-19, para possibilitar a execução de um plano de reestruturação.
O presidente do SNPVAC apontou que o impacto dos novos acordos nos resultados financeiros da TAP era expectável, porque começaram a ser aplicados no primeiro trimestre.
"É esse investimento que a companhia fez que vai permitir que possa crescer, ser mais forte a nível europeu, mais forte no mercado e, sobretudo, garantir que o verão IATA [de março a outubro] se faça com paz social e trazer os resultados positivos que já trouxe no ano passado", vincou o sindicalista.
Em comunicado, a companhia aérea reportou hoje um prejuízo de 71,9 milhões de euros, entre janeiro e março, tendo diminuído 14,5 milhões em comparação com o primeiro trimestre de 2023.
A TAP referiu que os custos operacionais recorrentes atingiram os 905,2 milhões de euros, um aumento de 7% (mais 59,1 milhões) em comparação com os primeiros três meses do ano de 2023, e que esta variação resulta principalmente do aumento dos custos com o pessoal (+70,5 milhões ou 56,9%) devido aos novos acordos de empresa, "contrabalançado pela redução do custo com combustível (-23,6 milhões) devido a um preço mais baixo do jet fuel".
Na mesma nota, o presidente executivo da TAP, Luís Rodrigues, considerou que a empresa prosseguiu o "processo de transformação estrutural" que era exigido.
"O investimento nas nossas pessoas, incluindo o fim dos cortes salariais, correções da elevada inflação e os novos acordos de empresa têm um impacto imediato no resultado, mas os benefícios continuarão a materializar-se ao longo do tempo", acrescentou o líder da transportadora.
Leia Também: TAP regista prejuízos de 71,9 milhões de euros no 1.º trimestre