"Portugal é a grande porta de entrada na Europa". Quem o diz é o CEO da Boali, Rodrigo Barros, que está a preparar a entrada no mercado nacional. O grupo de restauração, que assume basear-se numa alimentação saudável, chega com a 'ajuda' do jogador Deco, que chegou a alinhar pela seleção nacional.
Em entrevista ao Notícias ao Minuto, Rodrigo Barros admite que Portugal é um mercado importante para a internacionalização da empresa, uma "grande porta".
Contudo, adianta que o grupo brasileiro quer orientar-se para o mercado nacional e está empenhado em adaptar a oferta ao público português: "Queremos chegar cá e ser uma rede para os portugueses, com respeito pelo mercado local".
O Notícias ao Minuto também falou com Deco, que falou da importância de fazer parte da chegada da Boali a Portugal, considerando que "é muito especial" - pode ler a conversa com o antigo jogador e atual diretor desportivo do Barcelona aqui.
Queremos entrar em Portugal mas sem desrespeitar o mercado local. Queremos chegar cá e ser uma rede para os portugueses
O que levou a Boali a apostar em Portugal?
É importante dizer que Portugal para nós é um país muito querido, porque sou cidadão português e sempre tive esse objetivo de trazer a Boali para a Europa, olhando para Portugal como uma porta de entrada.
Antes de virmos para Portugal, começámos com uma relação nos EUA, há dois anos, com o maior distribuidor de alimentos do mundo que é a Sysco, que nos dá abertura de virmos para a Europa. Assim conseguimos uma padronização muito grande na distribuição. Coincidentemente, o filho do Deco, o Pedro, é um grande cliente da Boali, no Brasil. Ele come mais na Boali do que eu. [Risos]. Começámos a construir esta relação e o Deco já tinha trazido uma agência para Portugal. Fui ter com ele e disse-lhe que havia a oportunidade de levar a Boali para a Europa e para Portugal.
Temos uma projeção de 20 operações para os próximos dois anos, 30 nos próximos três e cinco anos. A partir desses dois anos, vamos olhar para o mercado europeu como um todo. Portugal é a grande porta de entrada na Europa.
O objetivo é ter lojas de cidade e em shoppings?
É importante dizer que fundámos a Boali em 2015. São nove anos de empresa, mas antes erámos Salad Creations. Como empresa total, são 17 anos. Não sei quantas empresas existem no mundo com 17 anos de experiência, mas eu garanto que uma empresa com estes anos todos já tem muitas aprendizagens.
Para nós, vir para Portugal é algo que queremos respeitar. Queremos entrar em Portugal mas sem desrespeitar o mercado local. Queremos chegar cá e ser uma rede para os portugueses, com respeito pelo mercado local. Queremos fazer adaptações na oferta do produto para o gosto do português.
O que temos de diferente é a forma como executamos o nosso propósito: universalizar o acesso à alimentação saudável, transformar hábitos e fazer o bem através da comida
O facto de o Deco estar envolvido na vinda da Boali para Portugal mostra que há uma maior preocupação dos jogadores com a alimentação saudável?
Eu acho que esse até é um comportamento mais global, da sociedade. Se olharmos para os últimos 30 anos, a evolução da consciência do nível de consumo só aumentou. A tendência é que aumente cada vez mais. Hoje se formos a qualquer grande plataforma, seja Spotify ou YouTube, um dos temas de maior relevância é a saúde e a alimentação. Fala-se muito do sono e da atividade física, mas também da alimentação. Mais do que no desporto, é um comportamento global da sociedade.
Vamos chegar com uma comida muito acessível para o dia a dia dos portugueses. Estamos a falar de uma conta entre 10 a 12 euros
Como é que a Boali se vai diferenciar da concorrência?
O que temos de diferente é a forma como executamos o nosso propósito: universalizar o acesso à alimentação saudável, transformar hábitos e fazer o bem através da comida. Ou seja, ter uma comida saudável e democrática. Existe o pensamento de que a comida saudável é cara. Isso não será verdade para a Boali.
Vamos chegar com uma comida muito acessível para o dia a dia dos portugueses. Estamos a falar de uma conta entre 10 a 12 euros para que os portugueses possam consumir e alimentarem-se bem. Além disso, temos a nossa capacidade de padronização. A comida que os portugueses comerem em Lisboa será igual no Porto e no Algarve. Será a mesma comida, os mesmos pratos e os mesmos produtos. Ou seja, podem viajar para Portugal e comer com segurança.
Para os próximos dois anos, temos em mente 20 operações, portanto estamos a falar de cerca de 150 postos de trabalho
O que podem oferecer de diferente na vossa ementa?
O prato mais vendido é o 'crie a sua salada', porque as pessoas gostam de misturar os ingredientes que querem. Quando pensamos no nosso portfólio, 37% das vendas são saladas. Depois 33% das vendas são wraps. Temos duas grandes categorias, e depois temos as nossas bowls, com base de arroz, e adicionamos proteína: salmão, frango, carne e vegano. E ainda há os crepes, bastante populares no Brasil. E ainda temos os sandubas, com três receitas, que acredito que o mercado português vai gostar, porque existe o hábito de comer sandes. É um menu que vai abranger do mais jovem ao mais maduro.
Não trabalhamos com fritos, não há nada frito e nem temos exaustor. Isso não é apenas bom para os funcionários, como também para os centros comerciais
Em termos de recrutamento, quais os planos da Boali para Portugal?
Para os próximos dois anos, temos em mente 20 operações, portanto estamos a falar de cerca de 150 postos de trabalho. Ou seja, empregos diretos. Hoje, no Brasil, a Boali tem uma avaliação de menor 'turn over' da comida rápida do país. O que isso quer dizer? Que os trabalhadores ficam bastante tempo connosco. Por que razão isso acontece? Porque têm margem de progressão e uma operação muito limpa.
Quando alguém vai para uma produção de comida, fica muito desgastado ao longo do dia. No nosso caso, não, porque não trabalhamos com fritos, não há nada frito e nem temos exaustor. Isso não é apenas bom para os funcionários, como também para os centros comerciais, que adoram o nosso tipo de operação. Porque não tem cheiro. Isso é uma coisa importante.
Esses são os três dos principais focos de início da Boali em Portugal. Lisboa, Porto e depois o Algarve
Além disso, temos a universidade Boali. Aqui gosto de chamar a atenção que é um trabalho de formação. As pessoas têm formação semanalmente. Vamos apostar muito na formação destes 150 postos de trabalho, não apenas para que eles trabalhem na Boali, mas também a pensar no futuro. Vamos investir no conhecimento de todos os colaboradores. A base de qualificação que vamos dar, vai dar frutos às pessoas na vida pós-Boali. Essa formação é um dos grandes diferenças que a Boali vai trazer para o mercado português.
Há pouco falou em Lisboa, Porto e Algarve. São essas as localizações mais interessantes para a Boali?
Temos mapeados 26 pontos comerciais em todo o país. As nossas visitas estão a começar aqui em Lisboa, vamos ao Porto ainda esta semana e na próxima temos reuniões agendadas no Algarve. Esses são os três dos principais focos de início da Boali em Portugal. Lisboa, Porto e depois o Algarve.
E quando será inaugurada a primeira Boali em Portugal?
Até outubro deste ano, queremos ter uma Boali em funcionamento.
Quais as metas para os próximos três anos?
A primeira loja [abre] em outubro e no período 24 meses temos a meta de 20 operações e 150 postos de trabalho que já mencionei. No terceiro ano, imaginamos uma faturação acima dos 10 milhões de euros. É o número que vamos procurar.
A maioria deles [fornecedores] serão do mercado português. Estamos a falar de 150 empregos diretos, mas também vamos contribuir muito para a empregabilidade de forma indireta
Depois de Portugal, segue-se o resto da Europa?
Sem dúvida! Imaginamos que, em 2025, depois de abrir aqui as primeiras lojas em Portugal, possamos expandir-nos. Um dos maiores desafios da expansão de qualquer rede de alimentação está na cadeia de fornecimento. E nós já temos essa parte resolvida, porque já temos fornecedores que estão connosco no Brasil e nos EUA, que vão estar connosco na Europa. Isso permite ter uma rede espalhada pelo mundo.
E depois a cadeia de logística, outra dificuldade. Por vezes, temos o fornecedor, mas não conseguimos distribuir o alimento. Também já temos essas duas coisas, o que nos dá a facilidade de expandir para Espanha, França e onde entendemos. Espanha está aqui ao lado... [risos]
Admitem, ainda assim, recorrer, a fornecedores portugueses?
Sem dúvida! Todos os nossos fornecedores, quando olhamos para Portugal, passam por Portugal e são produzidos pelo mercado português. Claro que vamos ter fornecedores de fora, sim, vamos. Mas a maioria deles serão do mercado português. Estamos a falar de 150 empregos diretos, mas também vamos contribuir muito para a empregabilidade de forma indireta.
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