O novo presidente da AIPEX, Agência de Investimento Privado e Promoção das Exportações de Angola, Arlindo das Chagas Rangel, sublinhou em declarações à Lusa e importância da "declaração de parceria" hoje assinada, nomeadamente no que ajuda a responder às necessidades angolanas "em termos de capacitação e identificação de mercados e oportunidades".
Rangel trouxe a Portugal as preocupações do Governo de Angola com dois setores fundamentais, o energético -- esta terça-feira a equipa da AIPEX visitará o complexo portuário logístico industrial de Sines - e o da segurança alimentar.
"A segurança alimentar é um setor vasto, requer infraestruturas, logística, e [sobretudo] produção, e vamos focar-nos neste setor", anunciou à Lusa.
"Estamos num processo de abertura, de nos darmos a conhecer e, com o apoio e ajuda do AICEP, tentarmos usar os canais [da agência portuguesa] para conseguirmos aumentar o investimento direto estrangeiro (IDE) em Angola", acrescentou.
Filipe Santos Costa, presidente do AICEP, Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal, sublinhou a importância da parceria em "três áreas principais de cooperação" -- formação genérica da congénere angolana enquanto agência para o investimento e comércio externo focada na angariação de investimento; e ainda na organização de missões empresariais para captação desse investimento; e finalmente na informação de suporte à internacionalização das empresas.
"O acordo espelha a interligação entre as duas economias, porque Angola é um mercado não-europeu muito importante para Portugal (...) pelo número enorme de empresas portuguesas que estão comprometidas com o mercado angolano", acentuou Santos Costa.
O líder da AICEP destacou a importância da "abertura de território" por parte de Angola, materializada na aposta do Governo angolano no desenvolvimento de infraestruturas, nomeadamente das redes de água e elétrica.
"Aproveitar as oportunidades e desenvolver investimentos públicos ou privados nas infraestruturas de transportes, nas redes de utilidades, são seguramente investimentos com retorno", sublinhou Santos Costa.
Também o gestor português destacou o setor agroalimentar angolano como "foco" de atenção, não apenas pelas oportunidades de investimento na agricultura, propriamente dita, como "em redes logísticas, de abastecimento, na agroindústria, e num verdadeiro desenvolvimento de todo o setor agroalimentar" -- que é também uma das nossas prioridades portuguesas.
Angola, por seu turno, e nos termos de Arlindo Rangel, manifestou em Lisboa "a sua total disponibilidade" para que a parceria hoje assinada "se constitua numa sólida base de um novo e exemplar modelo de cooperação, inovação e de sucesso entre ambas as partes".
"Juntos, podemos enfrentar os desafios futuros e transformar as oportunidades em realizações tangíveis, que beneficiarão as nossas comunidades empresariais e os nossos países", afirmou o presidente da AIPEX.
A assinatura da parceria, integrada num conjunto de ações que decorrem hoje e terça-feira, culmina uma "ação de diálogo" entre as duas instituições congéneres, que incluiu um workshop em Luanda em meados de abril último, a capacitação online de 20 técnicos e dirigentes da AIPEX pela Academia AICEP, a elaboração de um estudo sobre as experiências portuguesa e angolana na promoção da exportação e atração de investimento e criação de um guia de boas práticas para missões empresariais.
A ação foi apoiada pela União Europeia, com financiamento do Fundo Europeu de Desenvolvimento, no quadro do reforço do diálogo de políticas públicas entre os 27 e Angola na área do crescimento económico, desenvolvimento sustentável e apoio ao esforço de diversificação económica do país africano.
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