"O facto de o crescimento real do PIB [Produto Interno Bruto] se situar a esse nível não é suficiente para podermos tirar as nossas centenas de milhões de pessoas da pobreza", afirmou Adesina, na apresentação do relatório do BAD sobre perspetivas económicas africanas para 2024.
O Grupo BAD, a maior instituição financeira de desenvolvimento do continente, estima que o crescimento real do PIB em África seja de 3,1% em 2023, aumentando para 3,7% em 2024 e 4,3% em 2025.
"Acreditamos que as economias africanas devem crescer a dois dígitos durante a próxima década para podermos realizar o tipo de transformação de que necessitamos enquanto continente", acrescentou Adesina, na mesma intervenção, nos encontros anuais do grupo BAD, que decorrem na capital do Quénia.
Para tal, defendeu, é preciso "garantir a transformação estrutural" das economias africanas.
"Transferir recursos de zonas de baixa produtividade para zonas de alta produtividade. (...) Se deslocarmos para um setor agrícola pouco produtivo e para um setor de serviços pouco produtivo, continuamos a ser pobres", disse Adesina, garantindo que o BAD tem sido "facilitador" com estes objetivos do continente, nomeadamente ao nível das infraestruturas.
Apontou a necessidade de África investir nos "jovens e nas suas competências, talentos, espírito empresarial e a dar-lhes as ferramentas necessárias".
"A migração na Europa não é um problema da Europa, é um problema nosso. Não podemos ter 477 milhões de jovens com menos de 35 anos e não ter nada para eles no nosso continente", afirmou o presidente do BAD.
A "transformação estrutural da agricultura", através das zonas especiais de transformação agroindustrial, fará igualmente "uma grande diferença" para o continente, disse.
O Grupo Banco Africano de Desenvolvimento é a principal instituição africana de financiamento do desenvolvimento e reúne-se em Nairobi até sexta-feira para debater "A Transformação de África, o Grupo Banco Africano de Desenvolvimento e a Reforma da Arquitetura Financeira Global", com a presença de 3.000 participantes, entre políticos, governantes, economistas e especialistas de várias áreas, de todo o mundo.
Estes encontros incluem a 59.ª Reunião Anual do Conselho de Governadores do Banco Africano de Desenvolvimento e a 50.ª Reunião do Conselho de Governadores do Fundo Africano de Desenvolvimento, decorrendo no Centro Internacional de Conferências Kenyatta, em Nairobi.
Segundo informação do BAD, apesar de um "crescimento económico sustentado ao longo das duas últimas décadas, a transformação económica de África continua incompleta".
O Produto Interno Bruto (PIB) real do continente cresceu 4,3% por ano entre 2000 e 2022, "em comparação com a média mundial de 2,9%, e muitas das dez economias de crescimento mais rápido do mundo situavam-se em África".
"Apesar deste sólido desempenho em termos de crescimento, a estrutura das economias africanas não se alterou significativamente nas últimas duas décadas, com os setores da agricultura, da indústria e dos serviços a representarem, em média, 16, 33 e 51%, respetivamente, do PIB global de África entre 2000 e 2022. Estes níveis são semelhantes aos registados na década de 1990", recorda a instituição.
Também o emprego na indústria transformadora "tem vindo a diminuir devido a uma desindustrialização prematura", já que "apesar do aumento do número de empregos", de 20,2 milhões em 2000 para 33,3 milhões em 2021, "o setor contribui com menos de 10% do emprego total".
O Grupo BAD conta com 81 Estados-membros, entre 53 países africanos e 28 países fora do continente, incluindo Portugal e Brasil.
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