Dior em tribunal por maus-tratos. Cobrava 2.600 euros por carteira de 53

A filial italiana da LVMH, responsável pelo fabrico de carteiras da marca de luxo Dior, está sob administração judicial do tribunal de Milão, em Itália.

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© Lauren DeCicca/Getty Images

Notícias ao Minuto
12/06/2024 10:21 ‧ 12/06/2024 por Notícias ao Minuto

Economia

Dior

Uma subsidiária do aglomerado francês de luxo LVMH, que fabrica carteiras da marca Dior, foi colocada sob administração judicial pelo tribunal de Milão, em Itália, durante um ano. A empresa poderá continuar a operar durante esse período.

Em causa estão alegados casos de subcontratação de empresas chinesas acusadas de maltratar os seus empregados, segundo avança a agência de notícias Reuters.

"Não se trata de algo esporádico que diz respeito a lotes únicos de produção, mas sim a um método de fabrico generalizado e consolidado", acusaram os procuradores no acórdão de 34 páginas, que data de segunda-feira.

A investigação focou-se em quatro pequenos fornecedores, que empregavam 32 funcionários nos arredores de Milão. Dois deles eram imigrantes ilegais no país e outros sete trabalhavam sem a documentação exigida. Viviam, lê-se na decisão judicial, "em condições de higiene e saúde abaixo do mínimo exigido por uma abordagem ética".

A justiça italiana alega, também, que os trabalhadores eram obrigados a dormir no local de trabalho, "para ter mão de obra disponível 24 horas por dia". Com recurso aos dados de consumo de eletricidade, foi possível apurar a existência de "ciclos de produção dia-noite sem interrupção, incluindo durante as férias".

Graças a estas medidas - que incluem também a remoção de dispositivos de segurança das máquinas para permitir que trabalhassem mais rápido -, a Dior conseguiria, por exemplo, pagar apenas 53 euros por uma carteira que, depois, era vendida nas lojas por 2.600 euros.

A unidade da Dior não adotou "medidas adequadas para verificar as reais condições de trabalho ou as capacidades técnicas das empresas contratantes", acrescenta o documento, acusando a marca de não ter levado a cabo auditorias periódicas aos seus fornecedores.

Esta é a terceira vez que o tribunal de Milão visa as marcas de alta costura este ano. Em abril, foi nomeado um comissário para gerir uma empresa da marca Giorgio Armani, devido a alegadas falhas na supervisão adequada de fornecedores.

Leia Também: Carta aberta denuncia cuidados deficitários no Lar do Comércio

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