Uma subsidiária do aglomerado francês de luxo LVMH, que fabrica carteiras da marca Dior, foi colocada sob administração judicial pelo tribunal de Milão, em Itália, durante um ano. A empresa poderá continuar a operar durante esse período.
Em causa estão alegados casos de subcontratação de empresas chinesas acusadas de maltratar os seus empregados, segundo avança a agência de notícias Reuters.
"Não se trata de algo esporádico que diz respeito a lotes únicos de produção, mas sim a um método de fabrico generalizado e consolidado", acusaram os procuradores no acórdão de 34 páginas, que data de segunda-feira.
A investigação focou-se em quatro pequenos fornecedores, que empregavam 32 funcionários nos arredores de Milão. Dois deles eram imigrantes ilegais no país e outros sete trabalhavam sem a documentação exigida. Viviam, lê-se na decisão judicial, "em condições de higiene e saúde abaixo do mínimo exigido por uma abordagem ética".
A justiça italiana alega, também, que os trabalhadores eram obrigados a dormir no local de trabalho, "para ter mão de obra disponível 24 horas por dia". Com recurso aos dados de consumo de eletricidade, foi possível apurar a existência de "ciclos de produção dia-noite sem interrupção, incluindo durante as férias".
Graças a estas medidas - que incluem também a remoção de dispositivos de segurança das máquinas para permitir que trabalhassem mais rápido -, a Dior conseguiria, por exemplo, pagar apenas 53 euros por uma carteira que, depois, era vendida nas lojas por 2.600 euros.
A unidade da Dior não adotou "medidas adequadas para verificar as reais condições de trabalho ou as capacidades técnicas das empresas contratantes", acrescenta o documento, acusando a marca de não ter levado a cabo auditorias periódicas aos seus fornecedores.
Esta é a terceira vez que o tribunal de Milão visa as marcas de alta costura este ano. Em abril, foi nomeado um comissário para gerir uma empresa da marca Giorgio Armani, devido a alegadas falhas na supervisão adequada de fornecedores.
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