Fitch espera investimento chinês em fábricas automóveis na UE face a tarifas

A agência de notação financeira Fitch disse esperar que a indústria automóvel chinesa invista em fábricas europeias, face ao anúncio da União Europeia (UE) sobre potenciais aumentos das tarifas de importação de elétricos chineses.

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© Reuters

Lusa
14/06/2024 12:22 ‧ 14/06/2024 por Lusa

Economia

Fitch

Num relatório divulgado na quinta-feira à noite, a Fitch previu que as fabricantes de automóveis chinesas se adaptem às "crescentes tensões comerciais" no segmento dos veículos elétricos "diversificando a produção".

A agência disse que o setor automóvel da China "provavelmente irá diversificar as instalações de produção a nível mundial, uma tendência nos últimos anos", incluindo "construir fábricas na UE e países vizinhos".

A Comissão Europeia anunciou na quarta-feira um aumento das tarifas de importação de veículos elétricos chineses para "remediar os efeitos das práticas comerciais desleais detetadas".

O executivo comunitário indicou que, provisoriamente, as importações de veículos elétricos da BYD passarão a ser taxadas em 17,4%, da Geely em 20% e da SAIC em 38,1%, sendo estas as marcas incluídas na amostra investigada.

"As altas tarifas compensatórias propostas podem prejudicar as perspetivas de crescimento das montadoras chinesas na UE", admitiu a Fitch.

A agência recordou que a SAIC, a Geely e a BYD contribuíram com a maioria dos veículos elétricos de marca chinesa exportados para a UE em 2023, que representaram 7,9% do mercado europeu de elétricos no ano passado.

De acordo com a Federação Europeia de Transporte e Meio Ambiente, a fatia de veículos elétricos fabricados na China atingiu 19,5% em 2023, se forem incluídos veículos de marcas estrangeiras, referiu a Fitch.

A agência acredita também que as empresas chinesas irão procurar aumentar o investimento "em mercados alternativos", nomeadamente aqueles "com barreiras comerciais mais baixas", assim como formar parcerias e 'joint ventures' com parceiros locais.

A Fitch sublinhou que as fabricantes "com destinos de exportação diversificados têm mais probabilidade de suportar os riscos de crescentes barreiras comerciais" e apontou o exemplo da BYD, cujos principais mercados de exportação incluem o Brasil, Tailândia e Israel.

Em 31 de maio, a Geely e o construtor automóvel francês Renault formalizaram a criação de uma nova filial para os motores de combustão, a Horse Powertrain.

A Renault vai disponibilizar à filial 10 mil empregados em oito fábricas, incluindo em Portugal, bem como três centros de investigação e desenvolvimento, um deles no Brasil.

Por outro lado, a Fitch referiu que as restrições às exportações para a UE e também nos Estados Unidos podem acabar por "intensificar a concorrência e acelerar a mudança para os veículos elétricos no mercado doméstico da China".

As exportações de automóveis da China aumentaram 34,7% em abril, em comparação com o mesmo mês de 2023, sendo que os veículos a gasolina ou gasóleo ainda representam mais de 70%, com a Rússia a ser o destino principal, disse a agência.

Leia Também: Fitch melhora 'rating' de Cabo Verde para B

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