"Uma preocupação que temos é que vemos uma explosão de medidas restritivas do comércio", salientou c, conselheiro económico e diretor do Departamento de Investigação do FMI, na apresentação da atualização do World Economic Outlook (WEO).
O responsável destacou que tem vindo a aumentar o número de restrições nas exportações e noutras componentes, o que "leva à retaliação de outros parceiros e isso impacta o comércio bilateral", o que pode também limitar a transmissão de conhecimento e os fluxos de capital.
Pierre Gourinchas apontou que se trata maioritariamente de medidas e tarifas unilaterais, que vão "distorcer o comércio, enfraquecer o crescimento e tornar mais difícil de coordenar políticas".
Esta tendência poderá também ser exacerbada pelo facto de este ser um ano com muitas eleições em algumas das maiores economias do mundo, o que pode levar a mudanças nas políticas económicas e faz "aumentar a incerteza".
Novos decisores políticos podem alterar as políticas comerciais, admitiu o responsável do FMI, o que pode levar a um aumento das "distorções relacionadas com política industrial" e até trazer custos para o próprio país que aplica as tarifas.
Um dos mais recentes exemplos deste tipo de medidas foi a decisão dos Estados Unidos de aumentar as tarifas aplicadas aos veículos elétricos da China, um passo que foi depois replicado pela Comissão Europeia.
Apesar destes alertas, o FMI continua a projetar, na atualização do WEO divulgada hoje, que o crescimento do comércio mundial recupere para cerca de 3,25% anualmente em 2024--25 e se alinhe novamente com o crescimento do PIB global.
"Embora tenham surgido restrições comerciais transfronteiriças, prejudicando o comércio entre blocos geopoliticamente distantes, espera-se que o rácio comércio/PIB permaneça estável", lê-se no relatório.
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