"Quero dizer que estamos entusiasmados com o país e as cidades próximas, Nacala [norte de Moçambique], muitos lugares hoje em dia em que, acreditamos, podemos acrescentar valor ao setor das trocas comerciais", disse o sultão Ahmed Bin Sulayem, em declarações aos jornalistas após reunir-se com Filipe Nyusi, que está a visitar Nova Iorque, no âmbito da 79.ª Assembleia Geral das Nações Unidas.
"Estamos em Moçambique há mais de 20 anos e Moçambique é hoje um grande centro de carga, especialmente para os países vizinhos, a África do Sul, Zimbábue e Zâmbia, e a região. E isso reflete-se no nosso investimento de expandir o porto de Maputo e discutimos a possibilidade de criar parques industriais em várias partes do país e melhorar a logística no país e nos países vizinhos. Para Maputo é uma grande vitória no que diz respeito à trocas comerciais", acrescentou Ahmed Bin Sulayem, sobre a reunião com Nyusi.
De acordo com o presidente da DP World, multinacional com sede no Dubai, Emirados Árabes Unidos, o investimento na expansão do porto de Maputo - cerca de 600 milhões de dólares só nos próximos três anos - também já está em curso: "Vai ser muito maior do que o anterior".
A concessão do porto de Maputo à Sociedade de Desenvolvimento do Porto de Maputo (MPDC) vai vigorar até 13 de abril de 2058, segundo os termos da adenda ao contrato, aprovada por decreto do Governo moçambicano publicado em abril passado.
A MPDC é uma empresa privada moçambicana que resultou da parceria entre os Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM) e a Portus Indico, esta constituída pela Grindrod, DP World e a empresa Mozambique Gestores.
"É prorrogado por um período adicional de 25 anos contados a partir do termo constante da sua segunda adenda (13 de abril de 2033), passando o termo da concessão para 13 de abril de 2058, tendo em vista a recuperação dos investimentos adicionais solicitados pelo Governo", lê-se no decreto.
O mesmo decreto aprova os termos do Plano de Negócios para a realização de investimentos adicionais, "visando aumentar a capacidade de manuseamento de carga no Porto de Maputo, estando a concessionária autorizada a realizar investimentos adicionais" de 2.060 milhões de dólares (1.900 milhões de euros) na Área de Concessão Portuária.
A concessionária do porto de Maputo prevê investir nos próximos três anos 600 milhões de dólares (553,4 milhões de euros) na expansão da infraestrutura portuária, a primeira fase de investimento na adenda ao contrato de concessão, até 2058.
O diretor executivo da MPDC, Osório Lucas, explicou anteriormente à Lusa que essa primeira fase vai aumentar a capacidade do terminal de contentores, dos atuais 170.000 para 530.000 contentores em três anos.
"E vai aumentar também a capacidade do Terminal de Carvão da Matola, de sete milhões [mtpa] para 12 milhões. E a nossa capacidade na carga geral vai subir de 10 milhões [mtpa] para 13 milhões, na fase 1, que estará concluída nos próximos três anos", detalhou.
A MPDC prevê passar de um volume manuseado de carga de 26,7 mtpa (milhões de toneladas por ano) em 2023 para 50,9 mtpa em 2058, no final do período desta nova prorrogação do contrato, de mais 25 anos (a contar de 2033).
Estima igualmente até 2058 o aumento da capacidade operacional dos atuais 37 mtpa para 54 mtpa e da capacidade do terminal de 270 para um milhão de contentores, a expansão do Terminal de Carvão da Matola de 7,5 para 18 mtpa e do Terminal de Carga Geral de 9,2 para 13,6 mtpa.
O porto de Maputo movimenta atualmente cerca de 10.000 trabalhadores, diretos e indiretos, com a expansão a representar uma previsão de mais 2.000 colaboradores.
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