"Para garantir o percurso do desenvolvimento económico e social e a atração contínua do investimento, vamos dedicar cerca de 240 milhões de dólares dos recursos do Estado para os anos de 2025 e 2026 ao Programa de Desminagem (...) para que o país possa ser declarado livre de minas em 2027", afirmou João Lourenço em Luanda, no seu discurso sobre o Estado da Nação que marcou a abertura do ano parlamentar.
Angola, que viveu uma guerra civil de quase três décadas, é um dos países do mundo com maior extensão territorial contaminada ainda por minas terrestres.
João Lourenço abordou também a área da defesa e segurança, à qual o governo dedica boa parte do Orçamento do Estado (7% do total), sublinhando que Angola é "um país de paz" e não se vislumbram "ameaças relevantes à paz e integridade territorial".
O chefe de Estado adiantou que decorre "a bom ritmo" o programa de reestruturação das Forças Armadas Angolanas (FAA) com objetivo de um redimensionamento gradual do efetivo militar, salientando a atenção especial à Marinha de Guerra angolana.
Segundo o titular do poder executivo, a Base Naval do Soyo deverá estar em funcionamento em 2025 e a de Luanda está a ser requalificada e apetrechada, tendo já entrado em funcionamento o Centro Nacional de Coordenação e Vigilância Marítima, enquanto os centros regionais do Lobito e do Namibe e outras unidades de observação costeira estão em construção.
"Juntos vão assegurar que o país tenha melhores condições para fiscalizar a nossa costa", afirmou, prometendo que serão entregues novos meios navais até dezembro deste ano e que o sistema de vigilância marítima vai ainda contar com equipamentos adicionais, aeronaves equipadas e adequadas às missões.
João Lourenço adiantou que as obras de construção do novo Hospital Militar de Luanda vão também ter início e estão em curso projetos nos domínios da produção de uniformes militares e na agroindústia, com o objetivo de garantir alguma capacidade de produção de alimentos para as Forças Armadas.
O chefe de Estado pronunciou-se também sobre os conflitos mundiais, com destaque para a República Democrática do Congo e o Ruanda, o Sudão, a Ucrânia e o Médio Oriente, defendendo que "o mundo não pode aceitar que a morte diária de civis em Gaza, na Cisjordânia e no Líbano em números que já são assustadores, comece a ser encarada pelas opiniões públicas mundiais como algo normal, banal".
Apelou a que o mundo se levante "em uníssono pelo fim destas guerras" e realçou que é "cada vez mais óbvia a conclusão de que o modelo atual de funcionamento do Conselho de Segurança das Nações Unidas está desajustado da realidade"
"Temos feito ouvir a nossa voz na defesa firme da necessidade de se promoverem reformas profundas, capazes de melhor compreender a composição do mundo atual e de melhor assegurar a paz e segurança internacionais", vincou o chefe de Estado angolano.
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