A semana passada terminou com a notícia de que os preços dos combustíveis teriam uma subida significativa a partir de segunda-feira, dia 20 de janeiro.
Subida essa que se verificou com o aumento de 4,3 cêntimos no gasóleo simples e de 2,6 cêntimos na gasolina simples 95 entre sexta-feira e segunda-feira.
A Agência Internacional de Energia prevê uma desaceleração na procura de petróleo em 2025, o que pode voltar a baixar os preços.
As previsões da Organização dos Países Exportadores de Petróleo apontam também nesse sentido. Para já o que não se sabe é quando é que isto vai acontecer e se até lá vai aumentar (ainda) mais.
"Não há razões para alarme"
Quem o diz é o primeiro-ministro, Luís Montenegro, garantindo que "não estamos em cenário de escalada constante" dos valores dos combustíveis.
"Nós hoje temos um aumento que é um aumento significativo, que tem como razões principais o aumento do preço do petróleo e a desvalorização do euro face ao dólar. Os preços dos combustíveis têm uma atualização semanal, têm oscilado, têm subido e descido ao longo destes últimos 10 meses. Hoje podemos dizer que, face ao dia em que entramos com a responsabilidade de governar o país, a gasolina está ligeiramente abaixo do preço que estava na primeira semana de abril e o gasóleo está um pouco acima do preço que tinha na primeira semana de abril. O que quer dizer que o mercado, com os factores que colaboram para a formação do preço, tem andado num valor médio e não há, portanto, razão para alarme", explicou Luís Montenegro que, com isto, não está a "desvalorizar" o que aconteceu na segunda-feira com os combustíveis a sofrerem um aumento considerável.
"Maiores aumentos semanais dos últimos dois ou três anos"
"Os portugueses hoje [segunda-feira] encontraram um dos maiores aumentos semanais dos últimos dois ou três anos", apontou o secretário-geral do Partido Socialista (PS), Pedro Nuno Santos, considerando que "a razão de alarme tem a ver não só com o aumento mas com a repetição sistematicamente de que não haveria impostos"
Pedro Nuno Santos foi mais longe dizendo que "o Governo português fez aquilo que há semanas dizia que não faria", atirando que "se queremos que os políticos tenha credibilidade" é preciso "dizer a verdade".
Sobre as declarações do primeiro-ministro acerca do assunto, o líder socialista ressalvou: "Não estamos perante um aumento? Estamos, estamos, não nos enganemos".
"Hipocrisia" do PSD e PS?
Através de um comunicado, o PCP considerou que os aumentos dos preços dos combustíveis que se verificaram, na segunda-feira, em Portugal são "inseparáveis de uma política ao serviço dos lucros multinacionais e da prevalência de injustiças fiscais que penalizam sobretudo o consumo em vez de uma tributação progressiva e justa dos rendimentos e património".
"Na dimensão fiscal, importa sublinhar a hipocrisia quer de PSD/CDS quer do PS, que quando na oposição criticam os impostos aplicados, matéria que é rapidamente esquecida quando estão no Governo", critica o PCP.
O partido refere que é esse o caso "das alterações promovidas pelo Governo PSD/CDS que pôs fim à redução que tinha sido aplicada no Imposto sobre os Produtos Petrolíferos e Energéticos (ISP), em nome de uma suposta compensação na descida da taxa de carbono", que, "como se vê não se traduziu na manutenção de preços".
Miranda Sarmento garante monitorização dos preços "nas próximas semanas"
O Ministro das Finanças, Joaquim Mirando Sarmento, disse esperar uma redução no preço dos combustíveis, garantindo que haverá uma monitorização "nas próximas semanas" para o Governo decidir se avança com apoios como alívio fiscal.
"Teremos de avaliar a situação das próximas semanas, se é uma situação de uma continuada e permanente dos preços ou se é se é uma subida única ou temporária e se reflita numa descida", disse o ministro das Finanças, falando aos jornalistas portugueses em Bruxelas à entrada para a reunião do Eurogrupo.
"É natural que a seguir a um período que até foi bastante longo de descidas, haja uma recuperação"
No que toca à recente subida significativa dos preços dos combustíveis, que levou ao aumento, em média, de três cêntimos da gasolina e de cinco cêntimos e meio no gasóleo, o secretário-geral da EPCOL - Empresas Portuguesas de Combustíveis e Lubrificantes, António Comprido, acredita que não haverá motivos para "continuar nem há razões para admitir que vai haver uma escalada de preços".
"Olhando para a evolução dos preços, e tirando algumas oscilações que são naturais, houve uma descida progressiva desde abril do ano passado até ao final de 2024. É natural que a seguir a um período que até foi bastante longo de descidas, haja uma recuperação", sustentou.
Preocupação? ANTRAM diz que é "problema grave"
Já no domingo, dia 19 de janeiro, a Associação Nacional de Transportes Rodoviários de Mercadorias (ANTRAM) mostrou-se preocupada com a subida dos preços dos combustíveis dizendo que é "um problema grave", uma vez que "temos uma economia muito desacelerada".
"Traz-nos muita apreensão porque somos nós que vamos sofrer o primeiro impacto. Tipicamente uma viatura de transporte internacional coloca entre três a quatro mil litros de combustível. Estamos a falar de cerca de cinco cêntimos a mais por mil litros, portanto 50 euros, vezes quatro, estamos a falar só deste impacto cerca de 200 euros a mais por mês", afirmou à SIC Notícias o presidente da ANTRAM, Pedro Polónio.
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