"A procura de empréstimos à habitação continuou a registar uma forte recuperação, enquanto a procura de empréstimos a empresas permaneceu fraca", afirma o BCE num resumo do inquérito aos bancos sobre o mercado de crédito, precisando que a procura de empréstimos ou linhas de crédito por parte das empresas aumentou ligeiramente no quarto trimestre, mas manteve-se globalmente fraca.
A procura de empréstimos por parte das empresas foi principalmente apoiada pela descida das taxas de juro, enquanto o investimento em capital fixo teve um impacto ainda moderado, após o seu pequeno contributo positivo no trimestre anterior.
De acordo com o BCE, a procura líquida de crédito hipotecário continuou a registar um forte aumento, impulsionado sobretudo pela descida das taxas de juro, apoiando ainda mais os sinais de uma recuperação face às descidas acentuadas observadas na procura de empréstimos para aquisição de habitação em anos anteriores.
A procura de crédito ao consumo e de outros empréstimos às famílias aumentou ligeiramente, apoiada por taxas de juro mais baixas, enquanto a despesa em bens duradouros e a confiança dos consumidores, entre outros fatores, reduziram a procura de crédito ao consumo.
No primeiro trimestre de 2025, os bancos esperam que a procura de empréstimos permaneça, em geral, inalterada no caso das empresas e que continue a aumentar no caso das famílias, em especial no que respeita ao crédito à habitação.
Ao mesmo tempo, os bancos da zona euro comunicaram um novo aumento líquido da restritividade dos critérios de concessão de crédito às empresas no quarto trimestre de 2024.
Em particular, 7% dos bancos restringiram as condições de acesso ao crédito às empresas, em comparação com 0% no trimestre anterior, enquanto os requisitos hipotecários permaneceram praticamente inalterados em 1%.
Os critérios de concessão de crédito ao consumo e de outros empréstimos às famílias tornaram-se mais restritivos em 6% dos bancos da zona euro.
No caso das empresas, a maior restritividade líquida deveu-se à perceção de riscos mais elevados relacionados com as perspetivas económicas, às condições específicas do setor e da empresa e à menor tolerância ao risco por parte dos bancos.
No que respeita ao crédito hipotecário, a estabilidade dos critérios de concessão de crédito, após três trimestres de redução da restritividade, contrastou com a forte redução líquida que os bancos esperavam no trimestre anterior.
Os critérios da concessão de crédito tornaram-se ainda mais restritivos para o crédito ao consumo, principalmente devido à perceção de riscos mais elevados.
Para o primeiro trimestre de 2025, os bancos esperam um novo aumento líquido da restritividade dos critérios de concessão de crédito às empresas e ao consumo e uma pequena restritividade líquida no que respeita ao crédito hipotecário.
Entretanto, o acesso dos bancos da zona euro a financiamento piorou ligeiramente no que respeita ao financiamento de retalho, aos mercados monetários e aos títulos de dívida no quarto trimestre.
No primeiro trimestre de 2025, os bancos esperam que o acesso ao financiamento permaneça, em geral, inalterado em todos os segmentos de mercado.
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