O primeiro-ministro, Luís Montenegro, afirmou, esta terça-feira, que "ainda não" há um consenso entre os líderes da União Europeia (UE) sobre uma resposta caso Washington aumente as tarifas alfandegárias aos produtos europeus importados.
Em Bruxelas, onde decorreu o primeiro retiro de líderes da UE, organizado pelo presidente do Conselho Europeu, António Costa, Montenegro foi questionado pelos jornalista sobre se já havia um consenso relativamente à resposta a dar caso as ameaças de Trump se concretizem: "Ainda não, porque também ainda não há taxas", respondeu o primeiro-ministro português.
"Seguramente, a Europa não deixará de ter, em primeiro lugar, como prioridade, o diálogo político com a administração americana. É isso que nós temos defendido. É isso que tenho defendido também nas reuniões do Conselho Europeu. É prioritário estabelecer um diálogo", acrescentou.
Montenegro fez ainda questão de ressalvar que na Europa há "consciência" de que "essa decisão, a ser tomada, não será uma boa decisão para ninguém".
"É preciso usar a capacidade de argumentação para convencer precisamente a administração americana a não ir por esse caminho. Esse caminho vai levar à inflação, vai levar a um aumento dos preços", notou.
"Estamos atentos e a Europa terá de ter uma resposta, que não pode ser de retaliação, mas de adaptação a uma nova realidade", mas antes um "ataque de sensibilização", concluiu.
De recordar que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que os produtos europeus vão ser sujeitos a taxas aduaneiras "muito em breve", na sequência da imposição de tarifas à importação de produtos do Canadá, México - entretanto suspensa - e China.
"Estão realmente a aproveitar-se de nós, temos um défice de 300 mil milhões de dólares [293 mil milhões de euros]. Não levam os nossos automóveis nem os nossos produtos agrícolas, praticamente nada, e todos nós compramos, milhões de automóveis, níveis enormes de produtos agrícolas", disse, no domingo, à imprensa.
A Comissão Europeia, que detém a competência da política comercial na União Europeia, lamentou, no mesmo dia, o aumento das taxas aduaneiras pelos Estados Unidos da América sobre produtos do Canadá, do México e da China, e disse que vai retaliar fortemente se for alvo de tarifas injustas.
A instituição garantiu que, se o bloco europeu for também alvo dessas medidas, o executivo comunitário vai "retaliar fortemente".
[Notícia atualizada às 21h08]
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