A informação foi avançada à Lusa pelo presidente executivo (CEO), João Pedro Almeida, no dia em que foi anunciado que a tecnológica angariou 1,5 milhões de dólares (1,4 milhões de euros) em financiamento 'pre-seed' (pré-semente, em português, que é considerada a primeira fase de financiamento).
O montante, "na sua larga maioria, é para continuar a escalar a equipa, para continuar a melhorar o produto", referiu o também cofundador.
"Estamos a projetar crescer a equipa até 20 pessoas até ao fim do ano, somos neste momento 10", e "escalar a nossa faturação para à volta de um milhão de dólares", acrescentou, referindo que atualmente a Noxus, cujos fundadores são portugueses e tem sede em Londres, está perto de chegar a perto de meio milhão de dólares em faturação.
A ronda de financiamento foi liderada pela SFC Capital e contou com a participação da Bynd Venture Capital, Altair Capital, Caixa Capital e 'business angels' como Luís Amaral, acionista do Eurocash Group e Observador, João Menano, ex-Google e fundador da James.AI, e Django L'Or, fundador da Paybyrd e Kuanto Kusta.
"Somos uma plataforma que permite às empresas de grande escala e de grande dimensão criar colaboradores IA, que têm capacidade de automatizar processos complexos dentro das empresas", sintetizou o CEO.
Por exemplo, "na área da saúde ter um colaborador de IA que consegue fazer a gestão de toda a comunicação, categorizar 'mails' que entram, reclamações, fazer a segmentação interna, isso permite que as empresas ganhem bastantes horas", disse.
"Temos um cliente a nível nacional que é um dos maiores 'providers' [fornecedores] na área da saúde que já tem bastantes ganhos a nível de horas de capacidade de equipa com a nossa plataforma", mas ainda "não anunciámos este 'use case', é algo que vamos fazer nas próximas semanas", prosseguiu.
Atualmente, a Noxus tem "cerca de 10 empresas" como clientes, no mercado português, polaco e holandês.
Neste momento, a 'startup' que permite às empresas construir e implementar os seus próprios colaboradores de IA, integrando esta tecnologia em fluxos de trabalho complexos, está de olho nos mercados francês e britânico, mas ainda não tem contratos fechados.
"A maior parte da equipa está em Lisboa", adiantou, detalhando que, além da capital portuguesa, também estão em Londres e na Noruega.
Relativamente ao regulamento europeu de IA (AI Act), João Pedro Almeida explicou que a tecnológica é um facilitador para ajudar os seus clientes a cumprirem a legislação neste âmbito.
O regulamento de IA "exige um conjunto de parâmetros às empresas, capacidade de observar os vários passos de ação dos agentes, mas mais do que isso exigem privacidade de dados" e perceber como é que o colaborador de IA toma as suas decisões.
A nossa plataforma "fica toda do lado dos clientes, os dados nunca saem daquilo que é a infraestrutura do cliente e, mais do que isso, quando um cliente está a correr um colaborador de IA tem a capacidade de observar cada um dos passos de raciocínio do agente", ou seja, saber como certas decisões estão a ser tomadas, explicou.
Questionado sobre como vê a atual situação nos Estados Unidos, o CEO disse não sentir impacto.
"O nosso foco é muito maior na Europa, acho que a Europa tem uma oportunidade e um mercado com uma dimensão grande", salientou.
Uma oportunidade "excelente a nível do tecido empresarial -- empresas com uma certa maturidade de modelo de negócio" --, o que é favorável às empresas de IA que começam na Europa e que pode ajudar a incrementar a produtividade na região.
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