"A vida política é feita de ciclos. Houve um ciclo de 40 anos em que os autarcas se dedicaram sobretudo a infraestruturas e equipamentos. Agora, o desafio é o desenvolvimento económico", afirmou hoje o governante, à margem da cerimónia inauguração do Imóvel de Valências Variadas (IVV), em Almeirim.
O ministro defendeu que a fase de construção de infraestruturas e equipamentos "já está praticamente ultrapassada" e que o foco agora deve ser "o desenvolvimento económico".
"Já não vão ser os equipamentos e as infraestruturas (...). O que as pessoas mais precisam é de emprego, bons empregos, que paguem bons salários", afirmou, acrescentando que os autarcas "vão ser avaliados pela sua capacidade de atraírem mais emprego e empresas".
Quanto ao papel do Governo Central, o ministro defendeu que a gestão local deve ser conduzida pelos autarcas, cabendo ao governo criar as condições necessárias para "que os governantes locais possam fazer um bom trabalho".
"Não peça a um governante central que venha dar soluções locais. O que o Governo Central tem de fazer é estar atento às novas dinâmicas e às necessidades locais, àquilo que os presidentes de câmara e as comunidades intermunicipais reclamam de cada concelho. Mas quem decide a estratégia local são os autarcas", sublinhou.
Sobre os fundos europeus, o ministro alertou para um cenário de maior restrição, defendendo que o país e as autarquias devem estar preparadas para um ciclo de "fundos cada vez mais restritivo".
"Os recursos vão ser cada vez mais escassos. Os fundos não vão ter a dimensão que têm tido até agora. Pela primeira vez, eu tenho consciência [de] que nós temos de nos preparar para um ciclo de fundos europeus muito mais restritivos do que temos tido até agora", afirmou.
O ministro referiu que o Plano de Recuperação e Resiliência é financiado com dinheiro emprestado e que, mais tarde ou mais cedo, terá de ser pago.
"Não é preciso ser visionário, é só fazer as contas. O PRR, que todos os países da Europa estão a usar, é financiado com dinheiro emprestado. Mas esse dinheiro foi emprestado e vai ter de ser pago. Ou há o aumento das receitas próprias da União Europeia ou é pago à custa dos fundos da coesão e dos fundos da política agrícola comum", defendeu.
Além disso, o ministro considerou que o aumento das despesas na área Defesa poderá contribuir para a redução dos fundos, apelando a uma utilização mais "criteriosa" deste dinheiro.
"A Europa vai ter de gastar mais dinheiro em Defesa. E isso não são trocos. É dinheiro relevante. Temos de ser muito criteriosos no uso dos fundos", concluiu.
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