Em entrevista telefónica à Lusa, o presidente da ALEP, Eduardo Miranda, disse que "não se preveem grandes efeitos das guerras" da Ucrânia e Israel-Hamas nas reservas dos AL no Porto, nem na região Norte, e que a perspetiva das reservas é idêntica à de 2024.
"Não é previsível que se agravem as situações dos cenários de guerra. Pelo contrário, há sinais de uma possível melhoria no quadro atual", defendeu à Lusa Eduardo Miranda.
O Diário de Notícias noticia hoje que os Alojamentos Locais estão a reduzir preços para enfrentar a época baixa, com donos de AL a queixarem-se da fraca procura motivada pela perda do poder de compra dos principais mercados europeus.
O ano de 2024 foi considerado um "ano histórico" para o turismo em Portugal, que registou mais de 30 milhões de turistas estrangeiros e receitas acima dos 27 milhões de euros, segundo dados anunciados na altura pelo secretário de Estado do Turismo, Pedro Machado.
Eduardo Miranda recorda que o Porto se tem destacado como um destino "premiado internacionalmente e de topo" e também porque tem um "aeroporto com capacidade de crescimento, ao contrário do de Lisboa", e que abre as portas para toda a região.
O Douro é outro atrativo para a região Norte, por causa do vinho e do seu património mundial, lembra o presidente da ALEP, justificando que a região nortenha tem potencial turístico para aprofundar, nomeando o caso do Gerês.
"A não ser que haja algo extraordinário, não se preveem grandes efeitos da guerra no turismo da região Norte", concluiu.
Judite Carqueja, responsável pelo AL Porto Deluxe, com 29 quartos na Avenida da Boavista, conta à Lusa que as reservas em janeiro e fevereiro aumentaram 10% em relação ao período homólogo de 2024 e, por isso, as perspetivas para 2025 são boas.
"Temos reservas até setembro. Não sinto dificuldades", disse Judite Carqueja.
Diogo Nogueira do AL Being Porto Hostel, com 13 quartos localizados perto da Bolsa do Porto também perspetiva um 2025 positivo, à semelhança do que sentiu no seu negócio em 2023 e 2024.
"Reabrimos há uma semana, porque estivemos fechados em janeiro e fevereiro para obras de manutenção, e estamos com grande procura e mesmo com reservas até agosto e setembro o que não é muito normal com tanta antecedência", declara. Os principais mercados com que trabalha são o espanhol e o alemão.
Diogo Nogueira acredita que a imagem que Portugal tem de ser um "país seguro", e com a "tradição de bem receber", vai ajudar a obter resultados positivos, apesar de se viverem tempos de guerras.
O "The Poets Inn", um AL com 10 quartos no centro do Porto, registou entre abril e outubro de 2024 taxas de ocupação entre os "95% e os 100%", e a estimativa para 2025 é que a ocupação seja semelhante.
Em declarações à Lusa, Telmo Castro, um dos donos do "The Poets Inn", refere que as reservas para o próximo mês de março estão "boas" e com "alguns dias lotados", acrescentando que para os meses de abril e maio as perspetivas são semelhantes a março.
Para os meses de verão, Telmo Castro revela que ainda tem "alguns buracos", mas afirma que não está preocupado, pois há uma tendência nacional e internacional para fazer as reservas à última hora.
Telmo Castro diz que sentiu, contudo, uma quebra na ordem dos 10% a 15% em janeiro e fevereiro.
Eduardo Miranda explicou que os meses de janeiro e fevereiro são fracos, mas que "não tem grande peso no resultado anual".
"Não é motivo de alarme, porque o que marca o ano é a partir de março e abril com o Carnaval e a Páscoa", declarou.
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