BCE deve cortar juros para taxa neutra mas pausa em abril é possível

O Banco Central Europeu (BCE) voltou a baixar os juros na reunião de hoje e os analistas continuam a antecipar mais cortes este ano, mas admitem a possibilidade de uma pausa na reunião de abril.

Notícia

© Shutterstock

Lusa
06/03/2025 17:20 ‧ há 2 horas por Lusa

Economia

Analistas

Com a redução de 25 pontos base decidida hoje, a taxa de juro aplicável à facilidade permanente de depósito, através da qual o Conselho do BCE define a orientação da política monetária, vai fixar-se em 2,50%.

 

"Olhando para o futuro, o facto de o BCE agora ver as taxas de juros como 'significativamente menos restritivas' foi uma forte indicação de que poderão fazer uma pausa na próxima reunião e, portanto, agora vemos abril como uma decisão 50/50 que dependerá muito dos dados recebidos e se os anúncios de tarifas previstos pelo presidente Donald Trump para 02 de abril incluem medidas significativas para a Europa", salienta Salman Ahmed, diretor global de alocação de ativos da Fidelity International, numa nota de análise.

O analista aponta que a expectativa agora é que o BCE vai "apontar para a extremidade inferior da faixa neutra (em torno de 1,75%)", refletindo a visão de que, "embora os anúncios orçamentais deem ao BCE espaço para potencialmente fazer uma pausa em abril (exceto no caso de tarifas agressivas na Europa), ainda vai desejar posicionar a política monetária para dar suporte à recuperação económica, dado os riscos de queda contínuos de potenciais interrupções comerciais".

"Os mercados agora estão a antecipar menos de dois cortes adicionais este ano e uma taxa final de cerca de 2,1%", conclui.

Roelof Salomons, estrategista-chefe de Investimentos para os Países Baixos no BlackRock Investment Institute, também diz que a equipa de analistas ainda espera que o BCE corte as taxas para território neutro, ou seja, uma taxa que não restringe nem estimula a economia, mas aponta para que este seja em torno de 2%.

Ainda assim, admite, numa nota de análise, que a incerteza está a aumentar e se maiores gastos orçamentais se materializarem, "provavelmente elevarão a taxa neutra".

O analista comenta ainda que os mercados agora esperam que o BCE corte as taxas para 2%, o que está em linha com as expectativas dos analistas.

Felix Feather, economista da aberdeen, também aponta para uma redução até à taxa neutra de 2% ao longo deste ano, sendo que "a possibilidade de um aumento significativo nos gastos orçamentais europeus levou os mercados a esperar menos cortes nas taxas nos últimos dias".

"Em suma, continuamos a esperar que o BCE leve as taxas para território neutro num prazo relativamente curto, mas os riscos para essa previsão -- em ambas as direções -- estão a aumentar: dados fracos de atividade de curto prazo e tarifas dos EUA podem fazer com que o BCE corte mais agressivamente, mas a flexibilização orçamental antecipada pode significar que as taxas permanecerão mais altas por mais tempo", lê-se num comentário enviado às redações.

A Ebury destaca, numa análise, que os mercados ficaram "com a sensação de que o caminho a seguir pela política se tornou cada vez menos certo", já que esta nova frase que descreve a política monetária como "significativamente menos restritiva" sugere que as taxas podem agora não estar muito longe dos níveis neutros.

Com os progressos para maiores despesas na Europa, deverá aliviar-se a "carga sobre o BCE para sustentar a atividade económica no bloco e pode diminuir a necessidade de um ritmo agressivo de cortes daqui para a frente".

"Vemos agora uma possibilidade muito real de o banco interromper o ciclo de cortes na próxima reunião de abril e os mercados parecem estar de acordo", salienta a Ebury.

A decisão de baixar em 25 pontos base as três taxas diretoras na reunião de março traduz-se na sexta redução desde que o BCE iniciou este ciclo de cortes, em junho de 2024, e é o quinto decréscimo consecutivo.

Leia Também: Política monetária tornou-se "significativamente menos restritiva"

Partilhe a notícia

Escolha do ocnsumidor 2025

Descarregue a nossa App gratuita

Nono ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.

* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com
App androidApp iOS

Recomendados para si

Leia também

Últimas notícias


Newsletter

Receba os principais destaques todos os dias no seu email.

Mais lidas