O capítulo em causa, intitulado "Riscos geopolíticos: implicações para os preços dos ativos e a estabilidade financeira", refere que os conflitos, guerras, ataques terroristas e escaladas militares, a par do aumento da despesa militar média dos países em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) e da imposição de sanções comerciais e transacionais, aumentaram nos últimos três anos, sobretudo, na sequência da guerra na Ucrânia.
O texto refere que um indicador que agrega todos estes elementos para captar o "risco geopolítico global" está, atualmente, no "nível mais elevado em décadas".
Este facto aumenta os riscos para o circuito financeiro mundial decorrentes da maior possibilidade de conflitos militares diretos, que têm "um efeito desproporcionadamente maior e mais persistente nos preços dos ativos".
No texto, o FMI sublinha, em particular, a forma como os grandes acontecimentos podem exercer uma pressão ascendente sobre os prémios de risco, especialmente para os "mercados emergentes com menores 'amortecedores' orçamentais e externos".
Refere ainda que os "eventos de risco geopolítico" têm capacidade de contágio transfronteiriço "através de ligações comerciais e financeiras", com o consequente aumento da volatilidade dos mercados financeiros mundiais, bem como de afetar a capacidade de intermediação dos bancos ou dos fundos de investimento.
O FMI recomenda, assim, que os decisores políticos tenham em conta os riscos geopolíticos específicos de cada país aquando da supervisão das instituições financeiras, que "devem manter reservas de capital e de liquidez adequadas para se protegerem".
Recomenda igualmente "a manutenção de um espaço adequado de política macroeconómica e de reservas internacionais para ajudar a atenuar os efeitos adversos dos eventos de risco geopolítico".
O FMI divulgará o Relatório sobre a Estabilidade Financeira Global na próxima semana, no âmbito das reuniões de primavera do FMI e do Banco Mundial (BM), que se realizam de 21 a 26 de abril em Washington DC, onde as duas instituições têm sede.
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