Em entrevista à agência Lusa, Ana Paula Vitorino, explicou ter terminado a discussão do roteiro sobre energias renováveis oceânicas, que inclui contributos de cientistas e de empresas a operar na área energética.
"Podemos agora aprovar o roteiro final e começar já a execução", disse a ministra que, apesar de não gostar de "dar estimativas", revelou que os estudos desenvolvidos mostram "ser possível criar valor acrescentado bruto para o país na ordem dos 250 milhões de euros até 2022 (o período estendido dos atuais fundos comunitários)".
A estimativa de criação direta de emprego é "substancial e ultrapassa os mil postos de trabalho", adiantou, referindo ainda o "benefício ambiental óbvio e imensurável".
"A estimativa que os estudos dão são 1.500 postos de trabalho, mas vamos ser conservadores nessas estimativas e dizer que podemos ter várias centenas de novos postos de trabalho", precisou Ana Paula Vitorino.
Este roteiro surge no âmbito, nomeadamente, do compromisso europeu de reduzir em 40% a emissão de gases de efeito estufa até 2030, da obrigação de diminuir o consumo da eletricidade em 27% e aumentar na mesma percentagem a utilização de energias renováveis.
"As energias oceânicas têm, a prazo, a possibilidade de suprir cerca de 25% o consumo de eletricidade. Por isso, temos que começar já", alertou a ministra, recordando ainda o objetivo traçado pelo seu Governo de até 2050 a economia ter um balanço neutro em termos de carbono.
Para colmatar as dificuldades de existirem apenas "tecnologias ainda pouco maduras para implementação industrial" e os custos de produção elevados, que impedem unidades competitivas, deve haver a "aposta na inovação".
Assim, haverá a aposta na criação de 'clusters' (concentração de empresas) para "apoiar e desenvolver a investigação dirigida a tecnologias, nomeadamente de eólicas 'offshore' (no mar) flutuantes e da energia das marés", com incentivos públicos.
Ana Paula Vitorino destacou ainda a associação que será feita das energias renováveis à indústria naval e aos portos para "criar sinergias e baixar o custo da inovação e da produção" e "atingir custos competitivos na energia produzida nestes parques com o resto do mercado".
"Temos que agir já", defendeu a ministra, explicando que o "sentido de urgência é porque Portugal precisa de ocupar este espaço", porque "vai ganhar quem liderar estas matérias".
Quanto a fundos comunitários, a ministra indicou a "esperança" de ver ultrapassada a estimativa de execução de 17% do programa Mar2020, com uma dotação global que ronda os 400 milhões de euros.
Por seu lado, o Fundo Azul entrou oficialmente em vigor no início do ano, estando atualmente o ministério a preparar as divulgações para formalização de candidaturas.
Para este ano, o fundo tem garantida uma verba de 13,6 milhões de euros, à qual acresce uma parte das percentagens cobradas para o licenciamento de atividades e de coimas relacionadas com o mar.
Este é um fundo complementar ao Mar2020 e destina-se a financiar "atividades ligadas à economia azul, que pela sua inovação ainda têm níveis de risco muito elevados e a banca comercial tem dificuldade em financiar", resumiu a ministra.