No discurso do jantar de encerramento do segundo dia da Universidade de Verão do European Ideas Network, que decorre no Porto, – e onde está também presente primeiro-ministro da Finlândia, Jyrki Katainen - Passos Coelho reiterou que as “respostas nacionais” às dificuldades resultantes da crise “têm de ser complementadas por uma firme e consequente resposta europeia”.
“É preciso dizer que não partilho a opinião de que a Europa se limitou a ficar de braços cruzados desde que a crise do euro se fez sentir. Demos passos importantes no aprofundamento da coordenação económica”, defendeu.
No entanto, Passos Coelho alertou que “as consequências europeias da fragmentação financeira” resultante da atual crise “são igualmente evidentes e muito ameaçadoras”.
“Ao se colocarem as empresas dos países mais afetados pela fragmentação financeira em condições de difícil e custoso acesso ao crédito, está-se a contradizer o propósito e espírito da grande iniciativa europeia do Mercado Único”, criticou.
Na opinião do primeiro-ministro, está a ser “criado um muro invisível que separa arbitrariamente empresas com acesso mais fácil e mais barato ao crédito do que outras que não gozam dessas condições”.
Para Passos Coelho, “a barreira só será definitivamente derrubada” se for erigida “uma verdadeira União financeira”, com um mecanismo eficiente de resolução bancária e, a prazo mais largo, um sistema comum de garantia de depósitos.
Manifestando um convicto apoio “do cada vez maior estreitamento de laços económicos, políticos e culturais com a América Latina”, Passos Coelho defendeu que “Portugal é cada vez mais uma ponte entre a Europa e as Américas”.
“Porém, é preciso dizer hoje que também precisamos de construir, ou de reconstruir, pontes no interior da Europa a que pertencemos”, alertou, considerando que “Portugal é um dos países que ocupa uma posição privilegiada para ajudar a construir” estas pontes.
Passos Coelho considera por isso necessário que os europeus reconheçam que foram “demasiado complacentes com as insuficiências da arquitetura institucional do euro” e muitos “displicentes” na preparação das economias e das sociedades para as exigências do novo regime económico e monetário.
“Fechámos muitas vezes os olhos aos problemas e desequilíbrios que se tornavam cada vez mais nítidos e profundos. Não é segredo para ninguém que a crise por que nós, europeus, estamos a passar, abriu divisões entre os Estados-membros”, observou.
Na opinião do chefe de Estado, “a articulação entre a responsabilidade no exercício da autonomia nacional e a responsabilidade da União é crucial para que a base política onde se edificam as instituições europeias seja mais forte, mais democrática e fruto da confiança mútua entre as diferentes opiniões públicas sem a qual o projeto europeu não resistirá”.