"A liberdade acaba quando uma pessoa põe em risco a saúde dos outros"
Bruno Nogueira deu início a mais uma emissão de 'Como É Que O Bicho Mexe?' expressando a revolta que sentiu ao assistir à manifestação que decorreu no passado sábado em Lisboa.
© Global Imagens
Fama Bruno Nogueira
Várias pessoas juntaram-se na capital portuguesa para protestar contra o confinamento, sendo que grande parte dos manifestantes não cumpriu as medidas impostas para travar a pandemia, como o uso de máscaras e o devido distanciamento. O protesto contou com a presença de figuras públicas, como a atriz Sandra Celas e a cantora Wanda Stuart, que acabaram por ser criticadas nas redes sociais.
No início do direto de ‘Como É Que O Bicho Mexe?’, na noite de terça-feira, 23 de março, Bruno Nogueira não deixou passar em branco este assunto polémico que tem dado muito que falar.
"Mexe muito com o meu sistema nervoso. Tento ser uma pessoa calma e respirar, mas depois vejo até pessoas que conheço, atrizes com quem já contracenei a fazerem diretos e a dizerem tanta m*****. Fico seco”, começou por dizer.
“Acho que há uma primeira camada das vítimas diretas da Covid e há uma segunda que é a das pessoas que acham que sabem mais do que toda a gente. Podem saber de muitos assuntos, mas de outros acho complicado. Aquilo que me irrita mais na manifestação é a utilização da palavra liberdade, e [usarem] o 'Grândola Vila Morena'", acrescentou.
“O lado de manifestar contra as medidas do confinamento e a maneira como está a ser gerida a pandemia, posso concordar ou não, mas aceito. Há, de facto, muitas lacunas na maneira como se geriu esta pandemia, este confinamento, há muitas baixas além das reais da Covid – muitas pessoas que perderam o emprego e os seus negócios, tudo isso pode ir a discussão e concordo”, continuou, mostrando-se, no entanto, revoltado com todos aqueles que não cumpriram as devidas medidas para travar a pandemia e incentivaram ao não uso da máscara.
“Quando atrizes e cantoras se chegam à frente a apelar à liberdade e a dizer barbaridades como o facto de não ter de se usar a máscara em público, na rua, e vão três mil pessoas para uma manifestação, juntas, a maior parte sem máscara a apelar à liberdade como se a liberdade fosse não usar máscara… Quando há uma questão de saúde pública, olhar para essa questão como uma questão de liberdade é de quem leu um estudo mas não estudou. Eu posso ler um estudo, não quer dizer que entenda”, destacou.
“E quando vejo estas pessoas a manifestarem-se publicamente, a primeira coisa que me vem à cabeça é imaginar os médicos, enfermeiros, bombeiros, as pessoas que perderam familiares com a Covid a verem aquela m**** e a pensarem: ‘Não estou a acreditar que isto está a acontecer’. Depois de um ano, estas pessoas estão na rua, sem máscara, juntas, a gritar liberdade. Onde é que entra o conceito de liberdade aqui? Não consigo entender! Usar a máscara é uma coisa que nos pedem e não me parece que seja uma coisa muito complicada. Para um médico que está com turnos de 12, 14 horas a ligar pessoas a ventiladores, parece-me um bocadinho mais chato do que usar uma máscara”, realçou de seguida.
Mas não ficou por aqui. “A liberdade acaba quando uma pessoa está a pôr em risco a saúde dos outros, na minha opinião. Portanto, apelar ou reivindicar, ou fazer da bandeira o não uso da máscara, não consigo entender… Percebo a raiva, a fúria contra o Governo, o discordar das medidas, percebo isso tudo e sou o primeiro a falar disso no ‘Tubo de Ensaio’ quando é caso disso. Só que este assunto não é sobre isso. O que estas pessoas estão a reivindicar, acima de tudo, é a liberdade delas, só. Não é a liberdade do próximo, não é uma liberdade coletiva, é a liberdade delas”, salientou.
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