Pode imaginar que o principal problema é o que deixa os especialistas na área da saúde verdadeiramente indignados: a contaminação por germes e bactérias. Pode até lavar bem as mãos quando sai do WC, mas de seguida irá colocar os dedos novamente no telemóvel ou aproximar o aparelho do rosto. Existe também o risco de deixar cair o smartphone na sanita (quem não conhece alguém que tenha passado por isso?). E sim, só esses já seriam bons motivos para abandonar o hábito, mas há outra razão, talvez pouco discutida sobre o assunto.
Diga não
A questão é que, muitas vezes, o momento em que as pessoas vão ao WC é o único período de distração que têm durante o dia. Como tal, tem-se discutido como os momentos de ócio merecem uma valorização maior na era da geração hiperconectada. A ida à casa de banho, que de certa forma é uma paragem obrigatória dos afazeres diários, também poderia ser utilizada como um momento para se desconectar.
“Acostumamo-nos à interatividade mesmo nos horários livres: associamos a prática de ‘fazer nada’ com atividades como ver séries na Netflix ou na TV, jogar no computador, verificar as redes sociais e, é claro, mexer no telemóvel. Mas se estamos a realizar algumas dessas coisas não estamos exatamente a fazer nada, certo?”, explica a psicóloga norte-americana Jorja Moore à revista TIME. “O cérebro está a receber estímulos e informação dos dispositivos. Então não podemos dizer que estamos a fazer nada. Como pode saber o que realmente passa pela sua mente se a cabeça não tiver essas chances de não receber nenhum estímulo ou informação?”.
Moore explica que a verdadeira questão é passar alguns minutos durante o dia desconectado. “Se não pode dar-se ao luxo de fazer isso a qualquer momento, então sugerimos que seja na inevitável hora de pausar o que estiver a realizar para ir ao WC. Além dos riscos de contaminação e doenças, existe a possibilidade de perder o aparelho para um ‘mergulho mortal’, e sobretudo a oportunidade desperdiçada de finalmente ter um tempo para si”, aconselha a psicóloga.