Conforme avança a revista Galileu, a Universidade de Bruxelas, na Bélgica, em 1989, esteve à frente de um estudo que identificou as propriedades dos anticorpos de camelídeos, família de mamíferos que engloba lamas, camelos, alpacas, e outros animais.
Posteriormente, e ao longo dos anos, essas proteínas do sistema imunológico foram utilizadas em experiências com o intuito de combater o VIH e patologias provocadas por diferentes estirpes do coronavírus, como a Sars (Síndrome respiratória aguda grave) e a Mers (síndrome respiratória do Oriente Médio).
E agora perante a pandemia da Covid-19, cientistas decidiram testar esses anticorpos contra o Sars-coV-2 (vírus considerado 'primo' da Sars e da Mers). Segundo investigadores do Instituto de Biotecnologia de Flandres (VIB), na Bélgica, os anticorpos presentes nos lamas poderão contribuir para extinguir o novo coronavírus.
O estudo foi levado a cabo pelos professores e investigadores Xavier Saelens e Bert Schepens, do VIB; Jason McLellan, da Universidade do Texas em Austin, nos EUA; e Stefan Pöhlmann, do Instituo Leibniz, na Alemanha. Tendo sido publicada no bioRxiv, os cientistas analisaram a reação de duas variantes de anticorpos de lhamas expostos ao vírus da Sars (Sars-CoV) e da Mers (Mers-CoV).
A Galileu, aponta que um destes anticorpos conseguiu neutralizar o Mers-CoV e o outro eliminou o Sars-CoV. Entretanto, e posteriormente, foi criado um anticorpo híbrido através da fusão desse segundo anticorpo de lama com um anticorpo humano. E assim foi possível neutralizar o Sars-CoV-2, causador da Covid-19.
"Os dados sugerem que esses anticorpos podem ser úteis no combate às epidemias de coronavírus", afirmou em entrevista ao periódico científico Nature.
"Este anticorpo pode significar proteção imunológica imediata para um paciente ou uma pessoa potencialmente exposta", diz Xavier Saelens, em entrevista à emissora Euronews, adiantando que o desenvolvimento de um antiviral seguro e eficaz poderá demorar à volta de 12 meses.