A insulina híbrida, que os investigadores chamam de mini-insulina, foi testada em ratazanas e interagiu com os recetores de insulina com o mesmo vigor com que faz a insulina humana.
A diferença é que a insulina híbrida atua mais rapidamente.
Os resultados do trabalho, divulgados em comunicado pela universidade norte-americana, foram publicados na revista da especialidade Nature Structural and Molecular Biology.
Algumas espécies de caracóis de cone que vivem nos recifes de corais, como a 'Conus geographus', libertam na água um tipo de insulina que causa choque hipoglicémico, inibindo os movimentos das suas presas, pequenos peixes que acabam, desta forma, por ser dominados e engolidos pelo predador quando sai da concha.
Num estudo anterior, o bioquímico Danny Hung-Chieh Chou, da Universidade de Ciências da Saúde de Utah, e outros investigadores verificaram que a insulina venenosa desta espécie de caracol de cone tinha muitos traços bioquímicos em comum com a insulina humana.
Mas a insulina do caracol marinho tinha uma vantagem: atuava de forma mais rápida do que, por exemplo, a administrada pelas bombas de insulina, dispositivos eletrónicos que libertam pequenas quantidades de insulina durante o dia conforme as necessidades dos doentes diabéticos insulinodependentes.
Segundo uma das coautoras do estudo hoje publicado, Helena Safavi, da Universidade de Copenhaga, na Dinamarca, uma insulina que atue mais rápido poderá diminuir o risco de hiperglicemia (concentrações elevadas de açúcar no sangue) e outras complicações sérias da diabetes.
Além disso, poderá melhorar o desempenho das bombas de insulina e de dispositivos que reproduzem o funcionamento do pâncreas na monitorização dos níveis de glucose no sangue.
A equipa de cientistas descobriu que a insulina do caracol de cone tem falta de um componente que leva a que a insulina humana possa estar armazenada no pâncreas antes de ser libertada no organismo.
Em contrapartida, a insulina do caracol de cone está pronta para trabalhar no organismo quase imediatamente.
Para produzirem a insulina híbrida, os investigadores usaram técnicas de biologia e de química para isolar quatro aminoácidos que ajudam a insulina do caracol de cone a ligar-se ao recetor humano de insulina.
Versões modificadas destes aminoácidos foram integradas numa versão modificada da molécula de insulina humana.
"Com poucas substituições estratégicas, gerámos uma estrutura molecular de insulina potente e rápida, e a mais pequena até à data", sustentou Danny Hung-Chieh Chou, acrescentando que as dimensões moleculares da insulina híbrida permitem que possa ser facilmente sintetizada e tornar-se num "primeiro candidato ao desenvolvimento de uma nova geração de terapêuticas de insulina".