Cientistas norte-americanos estudaram vários países com números elevados e baixos de pessoas imunizadas com a BCG e detetaram um elo claro entre a vacina e uma menor taxa de mortalidade pelo novo coronavírus SARS-CoV-2, causador da doença da Covid-19.
Uma pesquisa realizada pelo professor assistente Luis Escobar do College of Natural Resources and Environment e por dois colegas no National Institutes of Health apurou que lugares com uma prevalência 10% superior da vacina da BCG apresentavam igualmente uma redução de 10,4% nas mortes consequentes da Covid-19.
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Esses valores foram constatados tendo em conta diferenças sociais, económicas e demográficas.
No artigo científico, os investigadores dizem: "este estudo epidemiológico avaliou a correlação global entre a vacina da BCG e a mortalidade associada à Covid-19".
"Os efeitos da imunização da BCG na mortandade causada pelo novo coronavírus são influenciados por diferenças sociais, económicas e demográficas entre os vários países".
"Após termos como atenuante uma multiplicidade de fatores altamente confusos, foram detetadas várias associações significativas entre a imunização com a BCG e a redução de mortes por Covid-19".
Escobar, membro do corpo docente no Departamento de Conservação de Pesca e de Vida Selvagem e afiliado ao Global Change Centre afirmou: "no nosso estudo, descobrimos que os países com taxas mais elevadas de vacinação da BCG tinham por sua vez índices mais baixos de morte".
"Porém, todos os países são diferentes: a Guatemala tem uma população muito mais jovem, do que por exemplo a Itália e por isso tivemos que realizar alguns ajustamentos aos dados apurados de modo a acomodar essas variantes", acrescentou o especialista.
"O intuito de utilizar a BCG para proteger os indivíduos contra casos severos da Covid-19 ocorreria ao estimular uma vasta, inata e rápida resposta imunitária".
Escobar sublinha que os achados da sua equipa de investigadores ainda se encontram numa fase preliminar e que serão necessárias mais pesquisas que sustentem os mesmos resultados, e assim determinar quais devem ser os próximos passos dos cientistas.
Até ao momento a Organização Mundial de Saúde (OMS) afirma que não existem provas de que a vacina da BCG proteja de facto contra as infeções causadas pelo coronavírus SARS-CoV-2.
A OMS salienta também que atualmente não recomenda a toma da vacina da BCG como forma de prevenção contra a Covid-19.
Por agora estão a decorrer ensaios clínicos com o intuito de estabelecer se a vacinação com a BCG em adultos confere proteção contra quadros graves da Covid-19.
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