Cientistas alertam que o uso excessivo de produtos à base de álcool para a higienização das mãos pode provocar inadvertidamente a adaptação de certas bactérias, que podem por sua vez adaptar-se e sobreviver ao produto - criando assim super bactérias com a possibilidade de ameaçarem a saúde pública.
Andrew Kemp, diretor do Scientific Advisory Board on the British Institute of Cleaning Science, no Reino Unido, afirmou em entrevista ao jornal The Daily Express que ainda não está provado que o gel desinfetante mata de facto na pele o vírus que causa a Covid-19.
E que, afinal, o uso excessivo do produto pode gradualmente 'ensinar' alguns micróbios a sobreviverem neles, alimentando-se de açúcares residuais e de proteínas presentes nas mãos.
Ao invés, o especialista sublinha que devia existir uma maior ênfase na lavagem das mãos com água e sabão, método igualmente reconhecido pela OMS como a via mais eficiente para nos protegermos contra a infeção pelo SARS-CoV-2.
De acordo com a OMS, as pessoas devem usar somente gel desifetante quando não têm de todo acesso a água e sabão.
Kemp, cuja pesquisa foi publicada no American Journal of Biomedical Science and Research, afirmou que o gel “deve ser apenas utilizado como último recurso" ou como uma medida temporária se água e sabão não estiverem disponíveis.
Para o académico, o seu uso em demasia pode produzir "bactérias multi resistentes a desinfetantes juntamente com as bactérias resistentes a antibióticos que já existem", alertando que tal pode levar a "um potencial cenário apocalíptico".
Num artigo que escreveu na publicação especializada The Conversation em abril, Morgan disse que um aumento exponencial de bactérias resistentes a antibióticos provocado pelo uso cada vez mais elevado de gel anti-bacteriano pode colocar "uma grande carga sob os sistemas de saúde já fragilizados um pouco por todo o mundo", levando assim, sem querer, a um acréscimo cada vez mais significativo de mortes.
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