Azitromicina funciona contra Covid-19 grave? Estudo responde

Utilizada em massa um pouco por todo o mundo no combate contra o novo coronavírus SARS-CoV-2, causador da doença da Covid-19, o medicamento acaba de ser amplamente desacreditado pela ciência.

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Liliana Lopes Monteiro
08/09/2020 11:49 ‧ 08/09/2020 por Liliana Lopes Monteiro

Lifestyle

Tratamento coronavírus

O primeiro estudo clínico que incluiu a utilização do fármaco azitromicina em doentes graves com Covid-19, internados em hospitais, menospreza a sua eficácia. A pesquisa inédita brasileira, divulgada pela BBC Mundo, revelou que o medicamento não provoca melhorias no estado dos pacientes e como tal não deve ser prescrito para tratar casos severos.

O estudo publicado na revista Lancet, conta que a experiência incluiu 397 pessoas infetadas gravemente com o novo coronavírus, nomeadamente com necessidade de reforço de oxigénio ou ventilação mecânica. Mais ainda, apresentavam outros fatores de risco, nomeadamente padeciam previamente de patologias como hipertensão ou diabetes.

Para efeitos daquela pesquisa, os pacientes foram  aleatoriamente divididos em dois grupos: 214 receberam azitromicina e o tratamento padrão, e a 183 foi somente administrado a terapia comum, excluindo a azitromicina. O tratamento padrão, realizado em ambas as situações, incluía a hidroxicloroquina, já que naquela altura — entre março e maio — a sua utilização era relativamente frequente. 

Após quinze dias, os médicos avaliaram o estado de saúde dos indivíduos usando uma escala de seis patamares: ter recebido alta, mas manifestar sequelas; estar internado com recurso a ventilação mecânica; ou mesmo óbito, o que se verificou num percentual elevado.

Não foram registadas melhoras entre os grupos de acordo com a escala. Depois de 29 dias a mortalidade foi quase a mesma (42% no grupo que tomou azitromicina, comparativamente a 40% no grupo de controle).

Entretanto, o tempo médio de internamento correspondeu a 26 dias para os que receberam azitromicina e 18 entre quem recebeu a terapia protótipo. Já a ocorrência de efeitos secundários foi parecida em ambos os grupos.

"O nosso estudo avaliou pacientes graves, numa fase tardia da doença, mas não sabemos como a azitromicina funcionaria em pacientes ambulatoriais (mais leves)", explica Luciano Cesar Pontes de Azevedo, médico do Hospital Sírio-Libanês, no Brasil.

"Gostaríamos muito que tivesse funcionado, porque é um medicamento barato, conhecido e normalmente bem tolerado na questão dos efeitos colaterais", conta.

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