No começo da pandemia, a maioria dos especialistas acreditava que a Covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus SARS-CoV-2, se transmitia sobretudo através das superfícies. Por outras palavras, tocar em algo que contivesse gotículas do vírus e de seguida tocar no próprio rosto poderia infetar o indivíduo. Tal, tornou imperativo a divulgação de inúmeras medidas que apelavam à higiene, necessidade de limpeza e de desinfeção.
Todavia, à medida que nos fomos familiarizando com o novo coronavírus, pesquisas revelaram poucas evidências que o vírus se propague através das superfícies, mas sim, e ao invés, através das vias respiratórias, explica um artigo publicado no portal especializado Medical Daily.
Cientistas do Montefiore Medical Center na cidade de Nova Iorque, do Hospital da Universidade de Pennsylvania em Filadélfia, do General Hospital em Massachusetts, da Harvard Medical School e do Brigham and Women's Hospital em Boston, todos nos Estados Unidos, analisaram inúmeros artigos científicos publicados desde janeiro de 2020. Examinaram ainda relatórios governamentais de modo a melhor entender como o vírus se havia propagado.
Os investigadores identificaram apenas alguns estudos experimentais que indicavam que o vírus vivia em superfícies durante várias horas. Pelo contrário, pesquisas realizadas no mundo real confirmaram que a transmissão através da atmosfera era a principal via de contágio. Ou seja, através de espirros, tosse ou da respiração de alguém infetado com o SARS-CoV-2.
Mesmo quando os investigadores acreditavam que o vírus se tinha disseminado devido ao contacto com uma superfície infetada, não conseguiram ainda assim descartar a transmissão pelo ar.
"Tanto quanto sei, não existe até ao momento um único caso documentado de infeção por Covid-19 somente por tocar numa superfície contaminada, apesar de também achar que seria difícil documentar tal caso", disse a médica Leann Poston, em entrevista ao Medical Daily .
Poston, vice-reitor e diretor de admissões na Wright State University’s Boonshoft School of Medicine, no estado de Ohio, afimou: "os vírus podem espalhar-se por fomites ou objetos, contudo é muito mais difícil. Alguém teria de tossir ou espirrar no objeto, e depois uma outra pessoa teria de tocar na superfície infetada e tocar nos olhos e nariz. Não se trata de um cenário muito provável, especialmente agora, com as precauções que a maioria de nós toma para diminuir o risco de contaminação".
Os investigadores concluíram ainda que a proximidade e ventilação são fatores chave relativamente ao risco de transmissão e infeção pelo novo coronavírus.