A pesquisa, realizada na cidade de Dar es Salaam, na Tanzânia, e publicada no The Lancet HIV, pretendia entender como o tratamento afeta os níveis virais a longo prazo em mulheres grávidas infetadas com VIH em países mais empobrecidos, conforme explica um artigo divulgado na revista Galileu.
De acordo com estimativas do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre VIH/AIDS (UNAIDS), 4,8% das pessoas entre 15 e 49 anos daquele país africano estão infetadas com o VIH, o vírus causador da SIDA. O que no total equivale e 1,7 milhão de indivíduos.
Aproximadamente há oito anos, a Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou múltiplas diretrizes, nomeadamente o programa Opção B+, de forma a assegurar a prevenção e tratamento contra o VIH na gestação e após o parto em países em vias de desenvolvimento.
A ação revela que as grávidas infetadas devem iniciar a tomar de vários fármacos o mais rapidamente possível, sendo que o tratamento deve continuar pela vida toda. Os especialistas destacam que tal pode impedir um potencial agravamento da patologia na mulher e a transmissão para filhos e parceiros.
Para efeitos daquela pesquisa, reporta a Galileu, os investigadores recolheram amostras de sangue de mais de 10 mil grávidas com VIH de Dar es Salaam que tinham iniciado o tratamento por meio do Opção B+. Entre outubro de 2014 e setembro de 2016, 5,9% das grávidas da cidade eram VIH positivas. Sendo que do total de participantes, um terço já se encontrava num estágio avançado da infeção.
Estas mulheres foram monitorizadas e acompanhadas até março de 2019. Ora, os dados apurados registaram que aproximadamente 90% das gestantes mantiveram suprimidos os níveis virais até quatro anos depois de começarem o tratamento. O que por sua vez indica que é, sim, possível diminuir, ou mesmo eliminar, a transmissão vertical do VIH.
Todavia, ainda assim permanecem determinadas dificuldades em levar este tratamento avante o mais eficazmente possível.
Segundo Goodluck Lyatuu, médico e principal autor do estudo: "os resultados apontam para alguns outros desafios importantes quando se trata de obter todos os benefícios de longo prazo do Opção B +. Como se concentrar, por exemplo, em certos subgrupos de mulheres, a exemplo de mães jovens, mães que começam o acompanhamento pré-natal tarde durante a gravidez e mães com VIH avançado".