A pesquisa orientada pelo grupo de investigação COVIDSurg Collaborative e divulgada no jornal Anesthesia, que juntou mais de 15 mil cirurgiões, e o GlobalSurg Collaborative, do Instituto National de Pesquisa em Saúde, no Reino Unido, aconselha que as operações cirúrgicas sejam adiadas por pelo menos sete semanas após os pacientes testarem positivo para o novo coronavírus.
O estudo recente, reporta a revista Galileu, sublinha que as cirurgias feitas entre zero a seis semanas após o diagnóstico de Covid-19 estão por sua vez associadas a uma subida no número de óbitos.
Segundo o líder da pesquisa, Dmitri Nepogodiev, investigador do instituto britânico: "recomendamos que, sempre que possível, a cirurgia seja adiada por pelo menos sete semanas após um resultado positivo do teste de SARS-CoV-2 ou até que os sintomas desapareçam, caso os pacientes tenham sintomas por sete semanas ou mais após o diagnóstico".
Os investigadores analisaram dados de mais de 140 mil pacientes, de cerca de 1,6 mil hospitais em 116 países, que haviam sido submetidos a intervenções cirúrgicas em outubro de 2020.
Alguns doentes haviam sido diagnosticados com Covid-19 em diferentes períodos temporais previamente à cirurgia, já outros testaram negativo. O índice de mortandade em 30 dias, entre os pacientes que não tiveram a doença, foi de 1,5%.
Todavia, esse número era mais elevado em indivíduos que contraíram o vírus e foram operados num período até duas semanas (4%); de três a quatro semanas (4%) e entre cinco e seis semanas (3,6%). De salientar que a mortalidade não era mais tão alta quando já havia passado entre sete a oito semanas (1,5%) desde o diagnóstico inicial.
Apesar de somente adiar a cirurgia por esse período não serve totalmente para reduzir a mortalidade, explica a revista Galileu. Sendo que a taxa de óbitos ainda mostrou ser elevada em doentes que aguardaram sete semanas ou mais e que ainda tinham sintomas de Covid-19 (6%).
Entretanto, relativamente aos pacientes operados que, decorridas as sete semanas, não manifestavam mais sintomas, o nível de mortandade foi significativamente menor: 1,3%. Entre os indivíduos com sintomas mais ligeiros, o valor correspondeu a 2,4%.
Ainda assim, e conforme alerta o cirurgião e co-autor do estudo Aneel Bhangu, outro ponto extremamente relevante a considerar é se o paciente apresenta um risco elevado no seu quadro de saúde.
"Para algumas cirurgias urgentes, por exemplo, para tumores avançados, cirurgiões e pacientes podem decidir que os riscos de atraso não são justificados", afirma.