Dormir bem pode diminuir a predisposição para o ganho de peso durante a menopausa, releva uma pesquisa apresentada na ENDO 2021, conferência anual da organização médica norte-americana Endocrine Society, informa um artigo publicado na revista Galileu.
De acordo com Leilah Grant, líder do estudo e investigadora no Brigham and Women's Hospital, nos Estados Unidos: "ajudar as mulheres a dormir melhor durante a menopausa pode reduzir as chances de ganho de peso; o que, por sua vez, diminuirá o risco de diabetes e de outras doenças relacionadas".
O aumento de peso na menopausa é comummente associado à diminuição da produção da hormona do estrogénio, ligada ao ciclo menstrual. Todavia, para Grant, é pouco provável que esse seja o fator exclusivo que contribui para a mudança corporal. A investigadora sublinha que metade das mulheres em menopausa afirma sofrer de perturbações do sono, sendo que essa condição já foi associada a alterações no metabolismo que promovem o ganho de peso.
Para efeitos daquela pesquisa, explica a Galileu, a investigadora e a sua equipa acompanharam 21 mulheres saudáveis na pré-menopausa. No estudo, os académicos utilizaram um modelo experimental que simula os distúrbios do sono comuns na menopausa de modo a analisar as consequências que o défice de repouso teria na forma como o organismo usa a gordura armazenada no corpo.
Os cientistas submeteram as voluntárias a duas noites de sono seguidas sem perturbações e a três noites de sono interrompido. No último caso, as participantes eram acordadas a cada 15 minutos por um alarme que soava durante dois minutos.
Os investigadores analisaram simultaneamente um subgrupo de nove mulheres sujeitas ao mesmo padrão de interrupção do sono, mas que foram medicadas com leuprolida, um fármaco que suspende temporariamente a produção de estrogénio (ou seja, desse modo teriam índices da hormona similares aos da menopausa).
Depois de três noites de sono com perturbações, as voluntárias registaram uma diminuição notória no nível de uso de gordura do corpo, comparativamente com a taxa resultante das noites contínuas de sono.
Mais ainda, ocorreu uma redução parecida utilização de gordura quando o estrogénio foi suprimido com a leuprolida, mesmo durante as noites de sono ininterrupto.
Segundo os cientistas, a junção de baixo estrogénio e distúrbios do sono diminuiu igualmente o uso de gordura nas mulheres, porém o resultados não foi superior do que os índices individuais de cada um desses elementos.
"Além da retirada do estrogénio, os distúrbios do sono diminuem a utilização da gordura", disse Grant.
"Isso pode aumentar a probabilidade de armazenamento de gordura e o subsequente ganho de peso durante a menopausa", acrescentou.