Investigadores da Faculdade de Medicina da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, assinaram o estudo mais abrangente, até ao momento, sobre os problemas neurológicos, a longo prazo, associados com os casos leves e graves de Covid-19, diz o portal New Atlas.
Para o estudo, publicado na revista científica Nature Medicine, foram acompanhadas mais de 150 mil pessoas, com Covid-19, durante 12 meses. Com estes dados os investigadores conseguiram descobrir que o vírus aumentou, em 42%, o risco de vários distúrbios cerebrais.
Entre os autores do estudo está Ziyad Al-Aly, epidemiologista, que já tinha assinado outros estudos que mencionavam o aumentos de problemas cardiovasculares e distúrbios de saúde mental, em pacientes com Covid-19, até 12 meses, após a infeção. Agora, com este novo estudo o investigador, e a sua equipa, analisam amplamente uma variedade de problemas neurológicos no ano seguinte a infeções leves e graves.
Leia Também: Covid-19. Que grupos estão a ser chamados para a vacinação?
"Estudos anteriores examinaram um conjunto mais restrito de resultados neurológicos, principalmente em pacientes hospitalizados. Avaliamos 44 distúrbios cerebrais e outros distúrbios neurológicos entre pacientes não hospitalizados e hospitalizados, incluindo aqueles admitidos nas unidades de cuidados intensivos", explica o investigador, ao portal New Atlas.
Isto significa que foram incluídos, no estudo, eventos cerebrovasculares como acidente vascular cerebral, distúrbios episódicos como enxaquecas e convulsões, assim como problemas cognitivos como Alzheimer.
Com esta análise abrangente, foi possível perceber que pessoas que tiveram Covid-19, têm um risco 77% maior de problemas de memória. Além disto, o risco de acidente vascular cerebral é maior em 50%; o de convulsões é maior em 80%; e o de problemas oculares é 30% maior. Tal como já tinha sido confirmado, em estudos anteriores, os investigadores também encontraram um aumento nos diagnósticos de Alzheimer, em pacientes com coronavírus.
Segundo os investigadores é importante saber que a amostra utilizada, para este estudo, foi composta, na maioria, por pessoas mais velhas, com uma idade média de 61 anos. Além disto, devido ao longo acompanhamento, quase todas as infeções iniciais ocorreram em indivíduos não vacinados. Por isso, é possível que o risco aumentado destes problemas, não seja uma realidade entre a população jovem e vacinada.
No entanto, os riscos de problemas na memória e "distúrbios cognitivos, distúrbios sensoriais e distúrbios incluindo 'Guillain-Barré' e encefalite ou encefalopatia, são mais fortes em adultos mais jovens", acrescenta o autor principal do estudo.
É também crucial dizer, segundo a New Atlas, que os aumentos absolutos e reais nos casos destas condições foram pequenos. Isto é, no geral, o estudo encontrou sete casos extras de qualquer problema neurológico, em cada 100 casos de Covid-19.
Leia Também: Covid-19. Infeções e vacinas de reforço estão a gerar imunidade "potente"